Sento na praça
Acendo um cigarro
E fico a divagar
Na minha frente
Três formigas passeiam
Sem se preocuparem com nada
Devagar
Sem teorizar nada
Por que a pedra é branca?
Por que a outra, ao lado, é azul?
Nada
Se existe algum mistério em suas alturas irregulares
Ou no cimento por entre elas...
Nada
Muito menos,
olham para cima
ao passarem próximas de meu pé gigante
tentando decifrar quem sou eu
o que sou
etc
etc
e põe etc nisso...
Nada
Nenhuma metafísica
Nenhuma poesia
Nenhum discurso político
Nenhum debate acalorado...
Nada
Apenas passam devagar
Logo em seguida
ao fim da calçada
uma escorrega
e cai...
no esgoto
E se vai
Enquanto isso,
as duas outras,
apenas continuam seu passeio
Não sei se trabalham
Não sei se divertem...
Aliás,
nem elas...
Apenas vão
Enquanto isso,
a outra já longe,
ninguém sabe seu fim,
ninguém sabe para onde ela foi,
depois de sua morte,
inclusive,
nem eu,
detentor de muito mais conhecimentos que elas...
Para que saber?
Acabo o cigarro
Esqueço tudo
Levanto-me
E me vou...
Assim como as formigas vão
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