quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sento na praça
Acendo um cigarro
E fico a divagar

Na minha frente
Três formigas passeiam
Sem se preocuparem com nada
Devagar

Sem teorizar nada

Por que a pedra é branca?
Por que a outra, ao lado, é azul?

Nada

Se existe algum mistério em suas alturas irregulares
Ou no cimento por entre elas...

Nada

Muito menos,
olham para cima
ao passarem próximas de meu pé gigante
tentando decifrar quem sou eu
o que sou
etc
etc

e põe etc nisso...

Nada

Nenhuma metafísica
Nenhuma poesia
Nenhum discurso político
Nenhum debate acalorado...

Nada

Apenas passam devagar


Logo em seguida
ao fim da calçada
uma escorrega
e cai...
no esgoto

E se vai

Enquanto isso,
as duas outras,
apenas continuam seu passeio

Não sei se trabalham
Não sei se divertem...
Aliás,
nem elas...

Apenas vão

Enquanto isso,
a outra já longe,
ninguém sabe seu fim,
ninguém sabe para onde ela foi,
depois de sua morte,
inclusive,
nem eu,
detentor de muito mais conhecimentos que elas...

Para que saber?


Acabo o cigarro
Esqueço tudo
Levanto-me
E me vou...














Assim como as formigas vão

Nenhum comentário:

Postar um comentário