sábado, 30 de novembro de 2013

Bob Dylan

"Se quiserem me mandar alguma coisa, mandem-me uma chave - eu encontrarei a porta onde ela se encaixa, mesmo que procure até o resto da vida"

"Você já cheirou um nascimento? É por isso que eu sempre precisei seguir em frente quando algo novo estava acontecendo."

"Aprendi a escolher bem os meus ídolos
 A ser minha voz e a contar minha história
 E meu primeiro ídolo foi Hank Williams

 Mais tarde meus ídolos caíram
 Já que aprendi que eram apenas homens [...]
 Mas com cada deus esquecido aprendi
 Que o campo de batalha é apenas meu"

Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito)

Minha pátria é minha infância:

por isso vivo no exílio


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O amor sempre existe
(salvo algumas exceções),
só que em diferentes níveis

É como tipo sanguíneo,
vários tipos,
talvez beire o infinito,
só que sem definições

Cada um com suas ações e consequências
Suas dores e sua paciência

E tem o tipo 'Incondicional'
Esse sim: doador e receptor...

Universal

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Não é jogando fora os freios
que se chega mais longe
Não é só o acelerar
que vai te fazer chegar lá
antes que todos

A estrada tem curvas,
buracos,
surpresas,
desvios...

A esperteza,
não está em impressionar
por ser o mais rápido

A beleza está,
apenas,
em chegar no lugar almejado

E para tal,
tanto quanto acelerar,
saber frear

Não é perda de tempo
É que o ganho,
só depois virá

Apressados, impacientes e vaidosos,
isso os confundirá...

E não concordarão

Só depois que passar reto em uma curva
Ou um pneu furado
Eles entenderão...

Ou, a depender do tamanho da vaidade...

Não!!


Os espertos, os verdadeiros, os legítimos...
Um dia os passam, na boa, na sua, calado, sorrindo
Os que se acham esperto,
esses ficarão...



No meio do caminho

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quando você se atira,
não tem jeito...

Sempre terá alguém
para atirar pedras

Tire de letra...


E atire sabedoria
- Sim... Mas você tá pensando em fazer o que além do livro, digo, pra ganhar dinheiro? O que você pensa para o seu futuro? Isso é um sonho, tá certo, você tem que correr atrás... Mas e o dinheiro?
- Isso não é um sonho... Na verdade, essa é, justamente, a minha realidade. Você que deve estar sonhando, achando que minha realidade tem que ser igual a sua.

Ouvi várias vezes essa pergunta nesse final de semana... Normal... Eu já tinha ouvido vários outros artistas falarem que ouviram essa mesma coisa....

Previsíveis demais... 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Em um jornal de Porto Alegre...


Destinos...
Distantes...
Instintos...
Instantes...

Destinos...

Estantes
Quando ele foi escolhido para presidir a Comissão de Direitos Humanos, foi o maior auê... Artistas e anônimos fizeram uma forte campanha contra... Teve até vários fotos com 'selinhos' de pessoas do mesmo sexo, como forma de protesto... Não tem mais... Como sempre, a poeira baixou, e ele continua lá... E continua fazendo suas barbaridades... Cadê o povo?? Era só mais um carnaval fora de época?


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Vida se não for sentida...


É morte que respira
Não me estranhará se daqui a alguns anos,
daqui a alguns meses,
ou, até mesmo, daqui a dois segundos,
eles passarem a escrever dinheiro com "D" maiúsculo...


Assim como Deus

domingo, 17 de novembro de 2013

sábado, 16 de novembro de 2013

Graciliano Ramos

                Nessa última viagem, semana passada, tive o prazer de visitar a casa (hoje um museu) que Graciliano Ramos morou por três anos, quando era prefeito da cidade de Palmeira do Índios, em Alagoas, até ser preso. Não sei o porquê, ou sei muito bem, mas senti uma paz imensa enquanto estive por lá...






                Fico imaginando essas canetas a deslizarem pelo papel, sua alma sangrando em folhas brancas, sua angústia a se acalmar, sua insônia a procurar abrigo ou, ao invés disso, era justamente elas que te fazia escrever mais, sem parar... Como será que foi, naquela mesa, naquela máquina, naquela sala, naquele quintal? Fico a imaginar... Nessa casa antiga, suas viagens ao tempo, seu olhar ao seu redor, nada passa despercebido. Na madrugada, no silêncio, o escritor a denunciar as mazelas e miséria do povo brasileiro e do sertão nordestino... O homem vai, seu corpo... As palavras ficam, sua alma...

















Sobre Graciliano Ramos



Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Terminando o segundo-grau em Maceió, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista durante alguns anos. Em 1915 volta para o Alagoas e casa-se com Maria Augusta de Barros, que falece em 1920 e o deixa com quatro filhos.

Trabalhando como prefeito de uma pequena cidade interiorana (Palmeira do Índios), foi convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, "Caetés" (1933), com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto trabalhava como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. Foi preso político do governo Getúlio Vagas enquanto se preparava para lançar "Angústia", que conseguiu publicar com a ajuda de seu amigo José Lins do Rego em 1936. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e realiza durante os anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus junto de sua segunda esposa, o que lhe rende seu livro "Viagem" (1954).

Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.

Suas principais obras são: "Caetés" (1933), "São Bernardo" (1934), "Angústia" (1936), "Vidas Secas" (1938), "Infância" (1945), "Insônia" (1947), "Memórias do Cárcere" (1953) e "Viagem" (1954).


---------------------------

Auto-retrato aos 56 anos (*)

Nasceu em 1892, em Quebrangulo, Alagoas.
Casado duas vezes, tem sete filhos.
Altura 1,75.
Sapato n.º 41.
Colarinho n.º 39.
Prefere não andar.
Não gosta de vizinhos.
Detesta rádio, telefone e campainhas.
Tem horror às pessoas que falam alto.
Usa óculos. Meio calvo.
Não tem preferência por nenhuma comida.
Não gosta de frutas nem de doces.
Indiferente à música.
Sua leitura predileta: a Bíblia.
Escreveu "Caetés” com 34 anos de idade.
Não dá preferência a nenhum dos seus livros publicados.
Gosta de beber aguardente.
É ateu. Indiferente à Academia.
Odeia a burguesia. Adora crianças.
Romancistas brasileiros que mais lhe agradam: Manoel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.
Gosta de palavrões escritos e falados.
Deseja a morte do capitalismo.
Escreveu seus livros pela manhã.
Fuma cigarros "Selma" (três maços por dia).
É inspetor de ensino, trabalha no “Correio do Manhã”.
Apesar de o acharem pessimista, discorda de tudo.
Só tem cinco ternos de roupa, estragados.
Refaz seus romances várias vezes.
Esteve preso duas vezes.
É-lhe indiferente estar preso ou solto.
Escreve à mão.
Seus maiores amigos: Capitão Lobo, Cubano, José Lins do Rego e José Olympio.
Tem poucas dívidas.
Quando prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas.
Espera morrer com 57 anos.
.
(*) Optamos por obedecer à nova grafia, vigente desde jan.2012, para o título desta seção, mas preferimos manter a grafia original no título do texto.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Na varanda do 8º andar
A borboleta que passa
O tempo que vai
O vento que sou

Sem casa...

Meus cabelos balançam
Minhas asas

O instante que sou

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ei, você que está me espionando agora, seja nos EUA, ou qualquer lugar que seja (Não nos iludamos)
Não sou nem um perigo, pelo contrário, sou um ser pacífico, iludido que o amor ainda vá salvar esse mundo, nem que seja daqui a cinco mil anos, ou até bem mais que isso, isso, se não destruirmos nosso planeta antes
E, por ser assim, talvez eu seja, sim, um perigo para vocês
Sim, fiquem de olho em mim
Estou aqui, entregando-me
Tudo bem, não utilizo bombas (São essas vossas desculpas)...
Mas palavras podem causar estragos maiores, isso também vos preocupam, eu bem sei

Que fique claro: não sou otário
Os pensamentos que te dominam,
é o da dominação

Podem me espionar
Tenho peito e alma aberta
Basta que leiam-me por aí,
é só procurar,
é fácil me encontrar,
não tenho mania de cinismos,
nem mania de esconder o que penso

Eu gostaria que as crianças, em vez de trabalharem ou irem para os sinais, tivessem mais oportunidades de estudarem (Vocês estão espionando isso?)
Gostaria que os políticos parassem de desviar valores exorbitantes de dinheiro público, para fins pessoais (Você estão espionando isso?)
Gostaria que as ruas, que não têm um mínimo sequer de saneamento básico, fossem vistas e que esse dinheiro desviado, fosse investido lá, evitando doenças e dando um pouco mais de dignidade às pessoas que já levam uma vida difícil (Vocês estão espionando isso?)


Sim, eu sei, vivemos em tempos de democracia, mas uma democracia mascarada, desde que não toquem no calo de vocês, caso contrário, jogarão em nós as suas bombas (essas podem), ainda que sejam de gás lacrimogêneo

Podem me espionar, seus cínicos, não há problema

O que eu vejo, não procuro escondido de ninguém, nem de forma ilegal...

Aliás, nem preciso procurar, tá tudo escancarado em minha frente

Assumam o que fazes, em vez de tentarem encontrar desculpas esfarrapadas, a todo instante

Façam isso, e só assim,
eu poderia começar a acreditar em vocês...

O que está muito distante...

Sei qual é o dom de vocês:
Dom-minar




Minas enterradas, invisíveis, no ar

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Como são as coisas...

                Fui para o Rio de Janeiro, há pouco tempo atrás, com a intenção de ficar, mas o vento, assim como soprou para eu ir, dez dias depois, soprou para eu voltar... E voltei... Sem crise, muito pelo contrário, com muita paz. As coisas que “deveriam” acontecer para eu permanecer lá, não aconteceram. Não fiquei triste, não reclamei, nem analisei... Apenas, obedeci. Lembrei de Leminski, que, inclusive, tem esse “poeminha” dele, no meu livro: “Não discuto com o destino / O que pintar / Eu assino”. Conheci pessoas interessantíssimas, plantei sementes vendendo alguns livros e voltou aquela tão almejada paz, que eu estava sentindo tanta falta... A ressurreição.  E ainda nem deu tempo de eu escrever sobre essa última parte de minha estadia no Rio, até a minha volta, e hoje recebo um telefonema, sendo convidado para ir para Maceió, na quinta, e para Recife, no Sábado... Uma viagem de presente. Detalhe: esse amigo eu conheci durante a viagem com Clarice, quando permaneci um mês em Campos dos Goytacazes, no Rio, em uma república que fui parar meio “por acaso”, devido ao motor da Kombi que quebrou e precisou ser desmontado e fui obrigado a ficar lá um tempinho a mais.
                Além disso, poderei visitar outro amigo, que hoje está em Olinda (vizinho de Recife), que dei carona, do norte do Espírito Santo até Itabuna, na Bahia, também durante a viagem com Clarice. Esse cara, que se fantasia de palhaço quando vai trabalhar na rua (e que estava com o nariz de palhaço quando me pediu carona), anda com livros meus, divulgando meu trabalho por aí. Os anjos em minha vida. Aliás, ele conheceu a atual companheira dele por causa de um livro meu, segundo ele mesmo... Artista de rua, artista da vida, faço questão de visitar o casal.
               
                Quando fazemos o que amamos, de peito aberto, não sei o que é, não sei o que acontece, mas parece que as coisas vão se encaixando. Uns chamam de Deus, outros de coincidência, outros dizem que nada mais é do que seu esforço, outros dizem que é tudo junto... Para mim, não importa o nome da coisa... O que importa é a coisa... Não sou chegado em definições e, sim, em acontecimentos... Quem sou eu para dizer o que é isso tudo? Pode até não ser nada... Só sei que estou em paz... Só sei que, mais uma vez, PÉ NA ESTRADA!!!

O detalhe dessa viagem: tudo pago (presente)

------

No som, agora, uma velha canção de Raul Seixas:

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
“Cê” sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida, que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo do fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais

domingo, 3 de novembro de 2013

Às vezes,
algumas pessoas criticam erros meus,
alguns grotescos,
é verdade,
eu confesso

Mas, mal sabem elas,
que eles apenas fazem parte,
para o caminho de um acerto maior


O que importa, não é o erro


Mas o porquê de estar errando

Nas livrarias ou pela internet


Créditos (Release): Guilherme Loureiro

sábado, 2 de novembro de 2013

"Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente"

(Rokitansky)

Paz

Fim de tarde
Sentado na calçada
Conversado com meu amigo Ruan Brujo
Gabiru’s House
Calma rua

Paz

Parecia o tempo em que morávamos no interior
Quando tínhamos, mais ou menos, uns treze anos
Quando o mundo ainda estava começando a mostrar suas caras

Olhando para o céu,
dia de Finados,
ele estava mesmo meio morto

Um azul claro
Misturado com um lilás,
Igualmente claro
Misturado com várias nuvens brancas

Colorido
Colorindo

E nós dois aqui, a conversar...

Paz

Duas crianças chegam perto
riem para nós
e simplesmente vão embora



---------


E a calçada,
que vejo agora,
seu desenho,
são iguais
aos do calçadão de Copacabana

Onde eu estava há poucos dias atrás
passando pela estátua de Drummond,
que observava,
um sujeito que carregava um violão nas mãos,
e uma mochila pesada,
cheia de poesia nas costas

Vi nele,
pensativo,
um sorriso exatamente igual

Como quem conversa com um bom e velho amigo

Como quando se tinha, mais ou menos, uns treze anos
O caos precede a calma
A calma precede o caos...

Procede?

Sobe e desce

Montanha russa
Por cima da planície

Sem parar

A não ser,
para renovar corações,
que irão disparar

Quem tem medo de altura
de velocidade
Que fique em paz,
fora do caos...

Olhando de fora,
morrendo

de vontade


Uma estrela não brilha à toa

E, para cada estrela,
antes, o caos...

As profundezas das montanhas...

Depois, o céu...



Seu cais




Flutuando no ar