sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um dia escrevi no espelho da casa dela "Eu te amo", com o batom dela
Quando ela viu, brigou comigo

Outro dia, escrevi a mesma coisa
Ela me achou um bobo

Um outro dia, escrevi novamente
Ela me encheu de beijos

O mesmo batom
Diferentes mulheres

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

140 caracteres

. Se você entendesse a leveza de minha dor, não iria criticar esse meu ar pesado... Iria era sentar ao meu lado e me fazer perguntas, curioso...


. Não fique brava comigo, é só a minha opinião, não tome-a como uma verdade... Ela não existe...


. Não é o medo que tem que sair da sua frente... Você é que tem que sair de trás dele...


. Saudade arde... Mas arde muito mais não ter motivos para sentí-la...


. Deve ser muito chato para quem depende de dormir para sonhar...

sábado, 24 de novembro de 2012


                Eu ainda era um leitor iniciante, não sabia ainda quem eram os grandes autores e, sobretudo, quem eram os meus autores preferidos, quando peguei  um dinheiro que juntei com o suor de minha mesada (brincadeiras à parte, eu tinha que abdicar de algumas coisas mesmo para poder sobrar alguma coisa), todo trocado, e fui em uma livraria pequena de Aracaju, hoje uma MegaStore, para comprar meu primeiro livro com o meu próprio dinheiro. Cheguei todo tímido, era um mundo novo para mim, e abri vários, escolhidos pela capa ou título, e li vários trechos dos mesmos. Indeciso entre uns dois ou três, já próximo de ir embora, eis que pego mais um e abro em uma página qualquer. Aquela primeira crônica me agradou muito. Depois, aleatoriamente, abri em outra página e li mais uma que me agradou mais ainda. Eram exatamente aquelas palavras, aqueles assuntos, e tratados daquela forma que eu queria ler e que até então eu não tinha descoberto. Não tive dúvida: eu já tinha escolhido o livro que ia levar.
                Comédia da Vida Privada, de Luís Fernando Veríssimo, era o livro. A ansiedade de chegar em casa, andando apressado, ansioso, com o livro nas mãos, cuidando como se fosse ouro, era grande. Bem mais tarde, em São Paulo, estava eu lendo uma crônica de Clarice Lispector relatando o sacrifício e as humilhações que ela teve que passar para pegar um livro emprestado que ela queria muito ler, mas que não tinha dinheiro para comprá-lo e senti exatamente a mesma sensação que ela descreveu lindamente quando voltava para casa, abraçada com o livro, também como se fosse ouro. Naquele instante, voltei no tempo, ah, o poder das palavras. Como li em algum lugar, as palavras podem não mudar o mundo, mas podem mudar as pessoas e estas, sim, podem mudar o mundo. E é na infância que as coisas acontecem com uma pureza maior, uma pureza quase virgem e, por isso, muito marcantes. E ali era o início de minha infância como leitor assíduo.
                Todos os lugares que eu ia, ia com ele embaixo do braço. Quando estava com minha mãe quando ela ia no mercado ou em qualquer outro lugar, eu ficava no carro lendo ou levava onde pudesse ler. Levava também todos os dias para o colégio e, nos intervalos, ou durante a aula mesmo, eu me deliciava com aquelas crônicas em vez de sair da sala de aula, lá dentro agora era mais interessante, não era um colégio que me agradava. Nos pontos de ônibus, nas filas para pagar alguma conta, sem eu saber de nada, estava nascendo esse escrevedor de palavras, soltas, que às vezes nem sabe se é poema, letra de música, conto ou crônica... E muito menos que sabe escrever palavras difíceis, de dicionários, diferentes. Mesmo assim, humildemente, rabisco umas dores aqui e umas alegrias ali. E quem estava lá, no início de tudo, ensinando-me, minha infância literária, era esse cabra, o Luís. E toda falta de habilidade com as palavras minhas é de inteira responsabilidade do mesmo. O professor foi dos melhores que já li.
                Apesar de não ter sido o meu único mestre (são tantos), tocado pelo seu estado de saúde atual, finalmente escrevo essa história que tanto já contei por aí. Para uns podem até ser uma história simples, ou até mais uma história agradável, mas sem tanta importância. Para mim, não. Quase vinte anos depois, ainda o leio com o mesmo tesão desses primeiros dias  e se assim é, há amor e, quando escrevo, são histórias tocadas por esse sentimento que me fazem escrever. Além do que, independente da minha habilidade, o ser humano que se transformava e que hoje orgulha-me tanto, tem um toque de todos os meus mestres e ele foi o primeiro. E espero que, entre as palavras que ele por ventura venha dizer por estes dias, não diga a última, o adeus. Vai fazer muita falta, e não só para mim, tenho certeza absoluta. Ah, a beleza das palavras...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

Quem me dera fossem meus dedos,
por entre seus dedos,
ao invés do teu cigarro

Quem me dera seu trago,
tão apreciado, olhos fechados,
fosse meus lábios,
ao invés do teu cigarro

Quem me dera aquela olhar distante, longe...
Perto do meu olhar distante

Ah, quem me dera nossos silêncios se entrelaçando,
quem me dera que tudo não passasse de um sonho

Alguém me dirá:
Acorda!
E eu responderei:
Mas é justamente por isso:
Eu acordei

E os que vivem em sonhos, as sensações, "estou acordado"...

Ah, se fosse fácil pra mim enganar a mim mesmo...

Mas não

Acendo meu cigarro


... E sonho!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Graciosa menina, minha graça de viver...

Essa humanidade lá fora, tão sem graça...
Esse viver sem sentir,
que para mim é morte com respirar

Você não, é o oposto
Fico até mais disposto:

Há vida na terra!!
As palavras tiveram dó da dor do poeta e

deitou-a em um papel...

E para cumprir esse papel,

a caneta....

A tinta...

Sangue da alma