quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Engana-se quem espera que a esperança traga o que se espera

É aí que mora o perigo:
Ela apenas traz a possibilidade


Só que, sem ela...




Nada haverá

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

- E o seu futuro, meu querido??
- E o meu presente, minha flor?
O que fazer quando se descobre, enfim, depois de todas as certezas que eram necessárias para se descobrir, que tudo não passa de uma ilusão, uma farsa, um jogo, jogadas muito bem pensadas, outras nem um pouco, mentiras mil desnecessárias, a vaidade muito mais que supervalorizada, a matéria muito mais importante que alma, a roupa mais bonita para sair de casa, para o olhar do outro não dar uma reprovada, furar fila para ser coroado por si mesmo como o mais esperto, os desejos focados em dinheiro, status, peso, com a saúde encabeçando os pedidos, com as empresas cada vez mais propagandeando seus produtos deliciosos, entupidos de açúcar, ou com muita “gordura” e os médicos dizendo para cortar as calorias... Trocar o carro novo por um outro mais novo, pois a sociedade está aí para assistir, não se pode fazer feio... E quem precisa de ajuda nem sequer é lembrado, a não ser quando uma coincidência em um caso estritamente necessário, só quando a situação exige sua participação... Ou quando tiram um pedacinho do que têm para fazer uma boa ação no final do ano, para a consciência ficar tranquila... A corrupção, corrupção, corrupção (não só vinda de políticos)... As pessoas que nos amam, muitas vezes, não passa de uma coincidência de gostos semelhantes, mas logo as diferenças escancara a realidade... Egoísmos que não acaba mais... Orgulho fincado no fundo do ser, a raiz de toda a farsa... Quando será que começamos a nos levar para esse caminho tão hilário?............ Não fosse triste. Além desses, há também os assustados, os desconfiados, justamente por tudo aqui dito, e com razão... O mundo disfarçado... Máscaras, máscaras, máscaras... Dá medo, sim, é de se desconfiar...
É claro, há as exceções, há os que se salvam... Os que amam de verdade, os que ajudam quando podem (e não só quando a vida não lhe dá outra saída), os que sorriem apesar dos pesares e os que aceitam um sorriso de bom grado e sem desconfiança nenhuma... Principalmente as crianças... São os rebeldes da farsa.
Mas, enfim, esse é o nosso mundo, depois de sabe-se lá quantas vezes o nosso planeta girou em torno do sol... E a tendência é, ainda mais, da essência se distanciar... 2014, dezembro, presente, eu, agora, esse é o mundo e o momento que eu fui parar... O mundo é assim, e não tenho nada para reclamar, pois eu tenho a mim...

O que fazer?

Faço minha a parte e se quero mudar, faço por onde e, quanto ao resto, à toda farsa, cada um teria que também fazer a sua, mas aí é um problemas deles, não meu...... Leve.... O vento é quem me leva... Quem quiser brincar de sangue, de máscaras, dramas com belas traições, medidas as serem cumpridas rigorosamente como um troféu, regras totalmente artificiais, que vivam... Eu vivo comigo mesmo, com minha realidade que, quando exposta, mais parece uma ilusão... E é... Mas minha ilusão é tão real, quanto sua realidade é ilusória.  

sábado, 27 de dezembro de 2014

Tenha-se...

E nada mais

Tenha-se...
E pararás de querer que o outro tenha
O que você quer e não consegue

Só para ele te representar

Só para você não precisar se enfrentar


Eu sei, sangra
Mas, quando estanca, e se regenera
Sentirás um sabor diferente
E perceberás a diferença, a imensa diferença

Entre ser representado...



E atuar

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Muitas vezes, achamos que as coisas não dão certo, e não dão mesmo, justamente por causa de regras desnecessárias, ilusórias, criadas por nós mesmos...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Quando se vive, de verdade, não tem jeito, o mar se agita
O alarme soa, começa a correria, cada pedaço do ser se arrepia

E tudo que temos que fazer
É manter o barco "de pé"
Até o mar se acalmar...

Daí, dará mais valor ao que se tem
Depois que o susto passa
Depois que o mar amansar

Até, novamente, ele se agitar...



Ah, vida, esse eterno vai e vem

O preço que se tem que pagar

É pegar ou largar

Uns largam a vida por aí, deixam-nas boiando, e com todo direito




Já eu...









Escolhi o navegar
Prefiro, mil vezes, andar por aí, sangrando

Que viver me rastejando...



De medo!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Não leio os comentários sobre os filmes, sobres os livros, sobre as músicas...

De nada me servem


Tem que passar pelo filtro

Pelas veias do meu coração
Não é que você não gostou

É só que não foi feito para você...



E só!!
Aquele beijo
Que não foi dado
Está guardado
Um milhão deles
Bem molhados...

Em nossos corações

Quem dita?
A pressa ou a preguiça?

Não meu amor, nosso amor não tem validade
Nossos acontecimentos, não têm idade
É só deixar rolar
Se quisermos, tudo acontecerá

Se o que temos nas mãos, não é o tempo

E sim...


Toda a eternidade

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Aquele seu olhar, naquele dia, pegou-me de jeito...

Bateu assim tão forte...



Que fincou!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Agora tenho que aguentar

Se o sistema adotado pelo meu coração

Foi a Anarquia



Como se sabe, não há direito a voto, já que não há um governante

E mesmo com essa dor, vez em quando, em mim diante... Feroz

Não pretendo me rebelar...


Amo muito, do jeito que está
Aliás...
Eu nem saberia lidar





Se fosse diferente



sábado, 29 de novembro de 2014

Quando entregamos o coração
Vai a temperatura dele
Com direito a bruscas oscilações
E volta a sensibilidade do outro

Representada...

Pelas suas mãos

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Não sei qual é o meu caminho
Não sei para onde estou indo
Não há mais estradas
Muito menos, placas...


Melhor assim


Se não há placas
Não há regras
Nem contramão


E se não há contramão...


O caminho é sempre para dentro de mim

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Todo esses versos
Foi só um vento que soprou
Um dia
Em minha alma

Nenhuma verdade está dita...
Nada sei

Tudo que sei
É que, cada vez mais
Sinto o sopro
Da eternidade

Sinto o arrepio
Do mistério


Posso estar sim, sempre, equivocado
Que esteja
Desde que
Todo meu equívoco
Leve-me para a leveza da minha alma


Todas essas palavras...
São só rascunhos
De quem nesse planeta caiu
Que demais sentiu...

E nada mais


Não tenho respostas

Apenas a alma exposta


E, só assim, consigo o que quero:


Não querer mais
Sei que não és o único motivo da minha inspiração...
Não és dona dela

Mas, com você por perto...

Ela fica bem mais safadinha

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Queres liberdade, meu amor?
Estou aqui com um par de asas, sobrando, nas mãos...


Só esperando você chegar
Tantos pseudos-tudo
Tudo por vaidade
O orgulho que não se percebe
Essa roupa invisível...


A burca da alma

terça-feira, 18 de novembro de 2014

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sou aventureiro, radical, mas de um tipo diferente:

Gosto de escalar abismos, os mais altos possíveis...

Mas, os abismos da alma

sábado, 1 de novembro de 2014

Por mais que os meios sejam diferentes
O ser humano e suas variadas formas
O resultado é sempre o mesmo: EU

E eu, diante da complexidade implícita desses cálculos infinitos
Minha conta nunca bate com a de ninguém...


Sempre encontro o resultado NÓS

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Nunca se sabe o tamanho da raiz... Por isso o medo de arrancá-las, é natural, é inerente ao humano... E deixamos aquelas velhas árvores, já sem folhas, carcomidas pelo tempo, secas, sem aparência nenhuma, a não ser, a de algo lúgubre, tomando espaço dentro de nós. Podemos sim, sem culpa, quem dirá que não, deixá-las no mesmo lugar, para não sentirmos a dor de arrancá-las lá de dentro... É mais cômodo... Para que sofrer? Só tenho a impressão que esses restos mortos, quando imortais, ficam tomando espaço impedindo que outras sementes germinem, que outras árvores cresçam e nos dê novos frutos, frescos. Por isso, quando vejo uma pessoa ressentida, magoada, reclamona demais, sinto-me como de frente para um cemitério de galhos e folhas mortas... Um jardim, uma floresta abandonada... Um suspiro e um lamento, de minha parte... Quanta beleza desgastada... Quanta beleza desgastada... E o que é interessante: talvez seja para ser mesmo assim... E eu precisando de um ambiente fresco para poder respirar melhor.
Sou desses...


Dos que dão ouvido ao silêncio

.
.
.

E se for para alguém falar...


Que sejam os passarinhos

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sempre ouvi falar que não se discute futebol, política e religião...

Mas nunca ouvi ninguém assumir, humildemente, que o que não se sabe é discutir

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Vá em frente, moça...

Mesmo que tenhas dito não e não... Com força

Faça...

Você sabe, até disfarça... Para os outros

Mas não para você

Se foi seu coração quem mandou

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

domingo, 12 de outubro de 2014

sábado, 11 de outubro de 2014

Sensibilidade à flor da pele

Rasga, queima, fura e fere

E vira preces...

Precisas

Para massagear

Em cima

Da pele irritada


Para encontrar a calma


Da alma ferida

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Disperso...

Desconectado da rede humana

Conexão caiu

O bug do milênio

Ou, talvez, grande parte dos usuários

É que estão bugados

De qualquer forma, tanto faz


Sou um sistema sem anti-vírus... Exposto... Dói... É mais perigoso...

Mas eu me viro


Tem também os que querem me invadir
Espiões, hackers e companhia
A me vigiar, a me roubar...
Quando não
Pessoas distantes.........................................................................................Bem distantes

Sem o toque...
Sem o olhar


Não, a conexão não caiu
Fui eu mesmo quem puxou o cabo...



E sem cuidado nenhum


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Lembrei-me da música Society, de Eddi Vedder, da trilha sonora do filme "Na Natureza Selvagem"

Tradução da música (www.letras.mus.br):

Sociedade

É um mistério para mim
Nós temos uma ambição que concordamos.
E você pensa que você tem que querer mais do que precisa.
Até você ter tudo, você não estará livre.

Sociedade, sua raça louca.
Espero que não esteja solitária sem mim.

Quando você quer mais do que tem
Você pensa que precisa.
E quando você pensa mais do que você quer
Seus pensamentos começam a sangrar.
Acho que preciso encontrar um lugar maior
Pois quando você tem mais do que imagina,
Você precisa de mais espaço.

Sociedade, sua raça louca.
Espero que não esteja solitária sem mim.
Sociedade, realmente louca
Espero que não esteja solitária sem mim.

Tem aqueles achando, mais ou menos, que menos é mais
Mas se menos é mais, como você mantém um placar?
Quer dizer que pra cada ponto que faz, seu nível cai
É como começar do topo
Você não pode fazer isso.

Sociedade, sua raça louca.
Espero que não esteja solitária sem mim.
Sociedade, realmente louca
Espero que não esteja solitária sem mim.

Sociedade, tenha piedade de mim
Espero que não fique brava se eu discordar
Sociedade, realmente louca
Espero que não esteja solitária sem mim
O que não é concreto
Só é bom
Enquanto dura a ilusão

A saber:
Nada mais concreto do que o sentimento verdadeiro

E por sobre a cabeça da sociedade:
Nada mais concreto que a ilusão

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O mesmo filme
O mesmo livro
A mesma mensagem
Diferentes formas de se entender

Abrem-se debates, opiniões, várias formas de interpretação

E o que entendeu a mensagem
Suspirou profundamente
E permaneceu calado


Ora lamentando
Ora achando graça

domingo, 5 de outubro de 2014

A velharia travestida de mudança
O novo travestido de esperança

E eu aqui...

Falando sozinho...

Com essa minha alma nua

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sofre de TOC: Transtorno Obsessivo do Coração
            A vida e seu vai-e-vem. No final do ano passado, os ventos sopraram na direção de São Paulo e, sem contestar minha intuição, embarquei nessa viagem. E já no início do ano, fui chamado para uma entrevista. Fui contratado. A questão grana não era mais problema. Em troca, o preço que se paga, trabalho estressante e cansativo. Até aí, tudo bem, a maioria é assim. Mas meu chefe... Era um explorador e sem consideração. Sei que a maioria dos patrões são, não tenho dúvida. Mas, como posso dizer... Esse meu chefe era mais profundo nesses quesitos.
            Dois meses e meio depois, depois de algumas discussões, algumas um tanto acaloradas, fui demitido. Ele queria uma marionete, um sujeito obediente, que aceitasse calado os seus absurdos, que eram bem absurdos. Tinha que me demitir mesmo. Quando ele me chamou para conversar e noticiou a minha saída, falei para ele: tudo bem, eu entendo. Se eu estivesse no seu lugar, eu faria exatamente o mesmo. Recebia um pouquinho mais que um salário mínimo, salário que faz jus ao nome. Esse preço já era suficiente para pagar o stress e o cansaço. Mas meu chefe ia além. O problema... Era que eu ia também.
            Morei em quarto menor do que o salário mínimo, onde o espaço era só, praticamente, uma cama de solteiro. Estava adorando morar lá, a experiência, e só lamentei por isso. Enquanto eu divagava nos meus dias de folga pós-demissão, resolvi voltar para Sergipe e morar novamente na cidade que cresci, quinze anos depois. Seria o ideal para o livro que estou escrevendo. Só doeu um pouco ter que deixar esse meu “quarto mínimo”. Mas, para seguir adiante, é preciso deixar algumas coisas para trás... O tempo passou, acabou, mesmo que rápido, três meses. Se é para seguir o caminho de mim mesmo, não lamento. Esse quarto é só mais um de inúmeros lugares que já morei. Todos moram dentro de mim e chegou mais um para a coleção.
            Procurei emprego em Estância, cidade interiorana de Sergipe, lugar da minha cria. Cidade onde brinquei descalço em plena rua, jogando futebol, correndo pela praça... Cidade onde ia para o colégio sozinho, com 10 anos de idade. Cidade que não era asfaltada, que não tinha semáforo, cidade ideal para a infância desta alma que escreve essas linhas. Quis voltar para lá e cutucar dentro de mim essas velhas lindas lembranças. Queria que meu cotidiano voltasse para lá, para sentir de perto as mudanças da cidade que já lotou de carros, que tem ruas asfaltadas e semáforos para organizar o trânsito, o mesmo que eu passeava com minha bicicleta, mesmo com minha pouca idade, era tudo muito mais tranqüilo. E eu queria sentir o sabor dessa mudança, enquanto decidia que rumo iria tomar.
            Não consegui emprego. Dois ainda bateram na trave, prometeram, mas não rolou. A vida e seu vai-e-vem. A vida e suas voltas. Quanto mais você sobe, maior é a descida, tal qual uma montanha russa. Acabei ficando em Aracaju, morando com minha mãe. Resolvi procurar emprego por aqui mesmo. O vento soprou para lá, mas acabou antes mesmo de começar, pelo menos do jeito que eu imaginava. Deu errado? Não, nada dá errado. A vida é uma eterna continuação, com direito à regeneração e, da regeneração, pode-se aproveitar alguma coisa para a continuação. Em Aracaju, comecei a procurar, mas nada de ligarem. Até que surgiu um concurso... Olhei as vagas... Dá para eu passar. Uma cidade me chamou a atenção: Rio de Janeiro, quem diria... Eu não disse que voltaria? Era só deixar o acaso rolar.
Meu objetivo maior é uma cabana isolada numa praia, se não deserta, com pouco movimento. Ou uma casa no meio do mato. Não precisa ser longe da civilização... Basta que ela fique em um lugar afastado. Mas, antes de chegar a esse objetivo, ou até ter dinheiro para tal, aproveito para experimentar todos os lugares que me tragam algo, das mais variadas formas, cada cidade com sua cara, cada lugar com suas características. Antes de tomar uma decisão, antes de fazer a escolha de me abster de algo, eu preciso experimentar os opostos para tomar minha decisão.
            Ainda estou estudando e a prova é só em Dezembro. Na verdade, ainda estou decidindo. A vida e seu vai-e-vem. Talvez, concursado novamente. Se for, mais uma cidade nova de se morar. Aqueles dez dias que passei por lá, no Rio, mais valeram como um passeio. Quando decidi voltar para Sergipe, pelas coisas que deram errado, eu sabia que, se fosse para ser, seria. E, pelo que eu sentia, já sabia, pela leveza com que saí de lá... Só não sabia quando... E, quem sabe, não será agora? Mas tudo isso, todas essas coisas, são só minha alma devaneando, o novo, ainda que uma rotina, uma outra rotina... O começar tudo de novo...

            Nesse momento, volto a um estágio que eu já tinha ultrapassado... Mas a vida dá voltas e cá estou eu recomeçando... Tudo de novo? Não, claro que não. O que passou, não é jogado fora. Recomeçar tem mais a ver com continuar, do que com começar de novo. Para poder eu ser quem eu sou, para fazer o que amo fazer, faço qualquer sacrifício. No momento, não há outra saída. Mas qualquer saída, é sempre uma saída. Não foco no que deixou de ser, e sim, em tudo que ainda pode ser... E todas as suas conseqüências... Que venham... A vida segue, e eu seguirei seguindo segundo minha alma. E mesmo que ela se equivoque de vez em quando, lembro da máxima do grande ser: Deus escreve certo por linhas tortas. 

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Exilado...

Ilhado...

Uma porção de essência

Cercada por um mar de verdades


Por todos os lados

domingo, 28 de setembro de 2014

Se é pra cortar, que chegue rasgando
Se é pra sentir, que seja intenso
Vão exagerar: me chamarão de exagerado
Mas, depois do corte, a cicatriz
Do tamanho do intenso
Do tamanho de cada verso falado

Qual é o limite do seu sem limite?
Limito-me a sorrir, ao olhar, no fundo da alma, uma cicatriz
E arrancar de dentro de mim, mais um verso xingado

São só umas frases
É só uma fase

Nada demais

E nada me diz mais
O que eu devo fazer







Paz










Uma paz violenta...





Mas






Paz

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Quando compreendido...
A questão “gosto” fica fora de questão



Torna-se desnecessário






Sinta o sabor da compreensão
E saberás que nada é preciso saber...

Só sentir


E sentirás



Que ela supera qualquer sabor




Ela, por si só...


Já basta

domingo, 21 de setembro de 2014

Não interessa o que você me diz...

Eu te conheço mesmo

É no seu silêncio
Não acho certo ou errado
Não acho bom ou ruim
Não acho feio ou bonito...

Eu, apenas, não acho...

Antes...

Anterior à...

Ou além de...



E acho que eu me achei

E tudo que eu achar, eu sei

É algo que eu ainda não sei
Não te prometo nada

E você...

Não me julgue pelo que eu te (não) prometo


Prometo...



Esse amor prometerá

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Força, menina moça... Força
Ainda assim, sempre vai ser pouca


A vida é um eterno buscar...





A sua, então!!
Aquele que um dia te aquece
Pode ser o mesmo que um dia te esquece
Portanto, não esqueça
Pode ser a vida querendo nos dizer:

Lembre-se de aprender...


A se auto-aquecer

domingo, 14 de setembro de 2014

Oh, mundo das ilusões das mais diversas
Versam os poetas, desiludidos, suas dores mil
Mil e uma noites, sozinhos, desse mundo se dispersam
E longe descobrem o que o pão e circo, um dia, cobriu

Se esse é o pão que Jesus multiplicou
Ou se é aquele que o diabo amassou...
Que interessa?

Se o circo faz divertir
Se faz a criança, Deus da inocência, sorrir
Por que ele não presta?

Não, não é o que se come
Muito menos, não é o que se assiste
O Homem inventa, e se inventou, existe
Assim como todos, sem exceção, têm fome

Não se responsabiliza pelo que está lá fora
Por mais que, muitas vezes, a intenção seja maldosa
Toda ilusão está dentro da gente

Com medo de encararmos frente a frente
O espelho que a vida nos apresenta
Fazemos com que o circo seja quem nos representa
E com o pão, matamos a fome, apenas, do corpo...

Mas isso é pouco, descobriram os poetas
Depois que limparam a poeira que o circo deixou
Pegaram a caneta e, dolorosamente, escreveram coisas diversas
Ao verem, debaixo da lona, triste e sozinho...

O amor








E ninguém na platéia

sábado, 13 de setembro de 2014

Ah, Augusto dos Anjos...

IDEALISMO

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor na Humanidade é uma mentira.
É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro -

E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Desculpe a minha pressa
Por ter ido embora
Por não ter a paciência que você precisava
E o tempo que eu precisava
Para poder te entender

Eu também desculpo você
Por você não ter entendido

Que eu ainda não entendia que não a entendia

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Serenidade é um prato que se come frio

Tão frio


Que às vezes confundem com indiferença

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Quem sabe, um dia, nossas ruas se encontrem em alguma esquina
Quem sabe, um dia, nossas esquinas se encontrem em algum cruzamento

Ah, quem sabe um dia, seu nome deixe de ser, apenas, um nome de rua, uma homenagem










No mapa que criei










Com as veias do meu coração

domingo, 31 de agosto de 2014

Triste quando chegam para mim
E dizem para não entregar meu coração nas mãos de alguém
De olhos fechados
Passe livre

Dizem que isso é burrice

Mas, para mim...


Isso é a morte do amor

domingo, 24 de agosto de 2014

            Eram 2:37h. O álcool percorria-lhe o sangue, mas estava extremamente lúcida, sozinha, enquanto descia a rua movimentada, conhecida pela noite em que abriga todas as tribos, pessoas de todos os tipos e de todas as idades. Num instante, lembrou do garçom grosseiro, não com ela, mas com duas pessoas que sentavam em sua mesa ao lado. Por nada, por muito pouco, começaram a discutir. As duas pessoas, no entanto, tiveram uma grande participação em provocar a ira do garçom. No fundo, pensou, os três estavam errados... E ela no meio do tiroteio. Foi quando decidiu pedir a conta, chegou ao seu limite. Não gostava de sair de casa, mas às vezes saía, sempre sozinha. Gostava dessas doses de absurdo, só para sentir mais profundamente, que o seu melhor caminho, era mesmo a solidão.
Enquanto descia a rua distraidamente, olhando para o chão, indiferente a tudo ao seu redor, passou por um sujeito que usava uma jaqueta surrada, enquanto recolhia latas no chão sujo. Ele gracejou: “Como você é linda”. Ela sorriu carinhosamente olhando para ele enquanto continuava com seus passos lentos, quando, de súbito, voltou e deu-lhe um abraço. Depois voltou a seguir em frente e, se ela voltasse seu rosto para trás, iria ver o sujeito numa espécie de divagação, de surpresa, de encanto, com um sorriso no rosto como há muito não sorria.
            Mais adiante, bem próximo de onde ela caminhava, uma confusão se formava, entre empurrões e agressões verbais. Um deles, ao ser empurrado, chegou a esbarrar nela, fortemente, mas, sem se voltar para trás, continuou seu caminho. Logo em seguida, olhou para o outro lado da rua e viu uma prostituta bravejando contra alguém, como se tivesse sido agredida ou roubada. Mas ela nem olhou para onde se dirigiam as palavras raivosas. Continuava seu caminho. Os carros, inúmeros seres da metrópole, não paravam de passar. Ela não interrompia seus passos. Não pensava em nada. Apenas ia... Tudo que ela queria, era chegar logo em casa.
            Ao dobrar uma esquina, numa rua um pouco escura, uma multidão de jovens se aglomerava pelas calçadas, e o barulho das conversas e gritos se misturavam com as buzinas e os motores dos carros. Olhando-os, não viu diferença nenhuma entre eles e os carros, a não ser, a carcaça. Fez essa comparação em sua cabeça e sorriu. Antes, esses pensamentos a deixavam triste ou com raiva da vida. Mas depois, aprendeu. Aceitou sua condição de ser só e, salvo alguns instantes de lamento, passou a divertir-se com suas divagações. Já não tinha mais casa entre os seres de sua espécie, a não ser um apartamento pequeno e bagunçado, que servia-lhe, apenas, para abrigar seu corpo. Já não tinha mais par, não tinha quem a entendesse ou quem quisesse ouvir o que ela tinha para dizer. Ia muito além do que ela via. Era a mesma coisa que os outros viam. Mas os outros só enxergavam... Ela mergulhava entre as entrelinhas.
            Nessa mesma rua, passou por dois jovens, um bêbado ajudando o outro a vomitar. Era esse o ápice da liberdade deles, pensou. Mas não julgou como, aliás, não fazia a ninguém... Apenas constatava os fatos. Eram jovens e ainda estavam se procurando, se é que estavam se procurando ou só fugindo, justamente, deles mesmos. Mas nada disso importava mais. Continuando seus passos, poucos segundos depois, um rapaz, provavelmente bêbado e/ou drogado também, dirigiu-se a ela gritando, perguntando quanto era o programa, era essa a diversão dos quatro rapazes que estavam em um carro. Ela não olhou, continuou indiferente, mas pode ouvir o riso de todos dentro do carro, apesar do som bem alto, para chamarem a atenção por onde passavam. Era esse o ápice da liberdade deles, pensou novamente. Um outro rapaz, sentado no banco de trás, ainda completou: você quer enganar quem com essa carinha? Venha gozar com a gente, você não vai se arrepender. E riram novamente. E ela pensou novamente: sou eu, justamente, que não estou querendo enganar ninguém.
            O carro foi embora, ela chegou em uma rua onde tinha menos movimento, e já começou a sentir um pouco de paz. Ainda cruzou com um sujeito que mexia em uma lixeira em busca de comida, o cheiro dele logo denunciava que não tomava banho há um bom tempo, ao que ela falou ao passar por ele: Boa noite, querido! O sujeito olhou para ela e resmungou alguma coisa, como se o que ela tivesse lhe dito fosse uma agressão. Continuando seus passos, finalmente chegou ao prédio onde morava. Uma sensação de alívio percorreu-lhe o corpo, como quando o sujeito está em uma situação de perigo em um lugar bem alto e finalmente chega o resgate para salvar sua vida, como quando uma embarcação naufraga em alto-mar e, horas depois de aflição, passa um outro barco para também salvar aquelas vidas. Lá, sentia-se feliz, sentia-se segura, sentia-se aliviada. Lá, ela não precisava presenciar coisas que já não faziam parte do seu mundo há um bom tempo.
Subiu as escadas, abriu a porta, e jogou-se no sofá, da mesma forma que chegou, sem tirar a roupa, apenas suas sandálias rasteiras. Quase deitada, quase sentada, quase imóvel, olhava o teto e as imagens dos minutos anteriores vinham-lhe à mente. Em outros momentos, apenas não pensava em nada, como se curtisse, como se sentisse em suas entranhas, o alívio de estar ali, longe da rua movimentada. Às vezes, um riso pequeno, mas não sem profundidade, surgia-lhe no canto da boca. Em outros momentos, sentia um aperto no peito, e uma lágrima chegou a lhe fazer companhia. Ficou quase meia hora nesse estado. Às vezes virava o rosto para o lado, em direção à janela, mas só via prédios, pequenos e enormes, esse era o ápice do horizonte de onde ela morava. Quase não dava para ver o céu, tinha que se esforçar, coisa que ela não estava disposta naquele instante. Pensava, pensava, pensava... Em nada... Apenas estava ali, para que as horas seguissem, como se ela pudesse sentir a contagem regressiva de sua vida, louca para chegar o momento em que tudo isso fosse acabar.
Finalmente, levantou-se, tomou um banho e pôs apenas uma camiseta grande, quase um vestido, permanecendo nua por baixo. Acendeu o abajur, ligou o som bem baixo, fechou um baseado e começou a fumar. E enquanto seus sentidos relaxavam com o efeito da fumaça, bem acima do abajur, na parede, escrito por ela mesma, fitava versos de Fernando Pessoa:

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

(...)

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho.


Outras lágrimas desceram. Mas não era de dor, e sim, de um alívio que só seres estranhos como ela podem sentir. Ficou assim até amanhecer, relaxando, ainda praticamente imóvel, enquanto sua alma gozava... Pensou que o que ela sentia, naqueles instantes, era o que todos, na rua, no fundo buscavam... Mas, e daí? Cada um tem seu caminho... Ficou assim, até deixar-se adormecer. Quando acordou, sentiu-se renovada, como se tivesse voltado de uma guerra e, finalmente, estava em casa, em paz... Paz... Era tudo que ela queria e precisava... E só. E que ela só conseguia............... Sozinha.
Um dia, eu sonhei, chovia poesia

Acordei


E ainda chovia

sábado, 23 de agosto de 2014

Vai, querida... Vai...
Não é mesmo para não ter medo
Engana-se quem espera ele ir embora...

Ele nunca vai

Pelo contrário,
vai junto,
de mãos dadas com você

É ele quem vai te indicar o caminho
(Ou cegá-la)
Portanto,
a escolha é sua


O desconhecido, o incomum...
É comum pararem por aí
É comum preferirem o conforto
do que o inconfortável caminho
da busca da delícia de viver...

É comum montarem no cavalo da mentira
e não tocarem os pés no chão da verdade
Com medo de se desmontarem
e não se juntarem nunca mais

Se isso é pouco para você...

Então vai

Se isso é louco para os outros

Mesmo assim... Vá!!


Os normais sabem pouco... de viver
Sabem muito, isso sim... de esconder
Sentimentos, sedimentados, congelados,
inventando mentiras, para não derreter

Vai...

Derrete seu corpo inteiro
Dispa sua alma
Esqueça sua calma
Por ora,
ela fugirá...

Para longe

Se queres ir longe,
vai lá, buscá-la

Verás que ela virá,
vestida de outra forma,
tipo assim:
nua


Vai atrás da vida que é sua
E não a que os outros te convencionou...
Não se convença fácil,
só porque o caminho é difícil...

Deixe que riem, deixe que falem,
sobretudo,
deixem que estranhem...

Quem aponta o dedo para o outro
Mal sabe que está apontando para si mesmo

E mesmo que isso doa,
se doe,
até a última gota do sangue que escorrerás de sua alma,
para encontrar a sua tão sonhada calma...


Não tem mais jeito,
se ficar não te traz paz

Não escreva na lápide dos seus sonhos:
- Uma alma... Aqui jaz!!

Já que é para ser você,
seja forte...

Não se furte,
não fuja,
não se finja...

Com verdade não se brinca...

Enfrenta-se

Não tente não ser você,
não conseguirás

Tens uma alma, iluminada, já é tarde
E a luz desse sol te cegará...

E sem enxergar, na noite, no tato, no instinto
Aprenderás a andar em lugares distintos...

Até a luz da manhã chegar

Para você descansar em paz

Não porque você morreu,
como os normais...

Mas,
justamente,
porque,
finalmente,
você nasceu...


Vai, meu amor...

Vai...

Não deixe que o mundo infrinja
Uma lei que é só sua...

A de mergulhar no escuro
E quebrar as correntes invisíveis
que vestem nosso interior...

Sua alma implora por ser nua...


Vai, meu anjo...
Vai...

Porque nesse mundo de invencionices,
você não cabe mais

Seus sonhos não são sonhos,
descobristes...
Descubra seus medos
E sinta na pele,
o arrepio de que seus sonhos são reais...

Não olhe para trás!!

E, sobretudo...
Não ouça os idiotas,
os que falam tanto,
sem conhecimento de causa

Vai e busque sua casa

Sua cama está arrumada,
te esperando,
para quando chegares,
teres um sono de paz...





Vai!!





Se seu coração já disparou
Parar não te trará paz...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Conheço quando o caso é grave...


É quando minha alma faz greve
Ela queria que ele fosse como ela
Ele queria que ela fosse como ele
E o nós, guardando o melhor...



Morreu de solidão

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Não é que tudo que existe seja ilusão
Mas a maneira como tratam tudo
É que pode ser ilusório

Tudo que se reprime
Imprime um desvio na naturalidade da coisa

E é tão natural que seja assim...
É esse o papel das leis e dos conceito morais

E será que tem mesmo que ser assim?
Será que há outra saída possível?

Não sei...

Só sei que esse é o jogo
Que se chama viver


E o que será tudo isso, para que serve saber ou não saber?
Como diz o ditado: "Quem souber, morre"
Ou, quem sabe:

Quem morrer......................


Saberá

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ALERGIA

Tudo começou quando me deram uma máscara e uma fantasia
Inocente, as usava até com alegria
Mas um dia, de repente, uma alergia
Tira a máscara, tira a fantasia

Descoberto pelo resto da vida

E o resto...
Muito gente continuou mascarado



Para o resto da vida
A culpa nunca é do outro
Quando ele nunca dá
A culpa é sempre nossa
Por não entendermos
Que ele não tem o dom de dar


Se necessitas tanto receber






Então procure outro...




Se é que você vá achar

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Ah, Drummond...

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Sinto muito!!

Sinto muito...
                             
                             Muito mesmo!

Por isso ando cambaleando,
me debatendo, me segurando...

no vento.

Tomo socos no estômago a todo momento...
Invisíveis
Tão visíveis para mim
(Tão doloridos, mesmo assim)

Ando me rastejando,
mesmo em pé,
até onde der

É guerra sem sangue,
onde desde o início,
eu me feri

Sinto muito...
                           acho que não sou daqui!

E o que me resta,
são essas migalhas de versos,
um chapéu torto
e tanta vida explodindo dentro de mim

Ponho as mãos no rosto, no peito,
no chão, me desespero...

e grito:


Dói pra caralho sentir
Sentimento é coisa séria
Mas levam na brincadeira
E o que é pior:
Eles não estão brincando
Como te dás com a solidão, meu amor?
Se a namoras...
Eu te namoro

Mesmo de longe...
Só...
Enquanto namoro
Com minha solidão

sábado, 2 de agosto de 2014

Depois que alguém tira

O outro alguém tem que compensar

E se o orgulho começar a falar mais alto

Não tem jeito...



O amor vai se desgastar
Depois de tempos angustiantes, sem inspiração, respiração num estado de quase sufocar
Quando a caneta volta a deslizar no papel




Não há sentimento melhor



É quando o meu eu está executando,
integralmente,
o seu papel


Nessa fase
Em que abundam frases
Para qualquer verso...
Dou sempre o meu melhor

Nessa fase
Em que fica tão claro e tão doce
Que tudo não passa de uma fase...


Para qualquer verso...




Eu tiro o meu chapéu
Às vezes tenho a impressão
Que o tamanho da força
É a mesma do tamanho do fundo do poço

Às vezes, até...


Tenho a impressão de ter certeza disso

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Vamos nos formando aos poucos
Cada vivência
É um pedaço do nosso ser que se forma
Assim como o feto
Passo a passo
Tudo no seu tempo



Mas...
Para a bolsa estourar...
Tenho a impressão
Que só lá...


No ápice da solidão

domingo, 27 de julho de 2014

A mentira
É só uma versão
Obviamente falsa
Da verdade...

Uma verdade invertida

E, no final das contas, o que mais interessa?
Interessam-se tanto pelas mentiras
Por vezes, tão pequenas...
Que às vezes me sinto um gigante
Que às vezes me sinto um pequeno...
Às vezes revolto, como se a dor não tivesse volta
Às vezes tão manso, que parece que dor nenhuma vai me derrubar...

Mas não acredito em versões...
Da boca para fora,
Serás rei, se quiser
Tudo pode ser dito
Pode ser um pobre
Pode ser um rico
Depende de como contarás suas versão

Mas não bebo versões
Se eu quiser me alimentar, de fato
Só a verdade, do fato, é o que de fato me interessa




Quanto ao resto...








Tudo tornou-se tão banal







Posso até estar equivocado...







Mas é essa a minha versão dos fatos

terça-feira, 22 de julho de 2014

O peixe Peixoto
De família pobre
Morava em um esgoto

Um dia
Conheceu Vera Fish
Casaram-se
Mas não queriam ser
Como quase todos os outros
Que sonhavam em ir para um aquário
Geralmente desses gigantes

Eles dois... Não
Queriam mesmo
Era enfrentar as águas salgadas
Do (a)mar
A imensidão
Longe da zona de conforto

Esse conforto, mas com a liberdade tolhida
Em troca de comida fácil
E uma água limpa...


Mas toda sem gosto...


Sem o tempero da vida
Só existem dois caminhos para a dor

Ficar reclamando,
até quando quiser,
dizendo que nunca passou...

Ou abraçá-la e namorá-la
Para amanhã
parir uma alegria

domingo, 13 de julho de 2014

Posso até ter, vez em quando, essa cara amarrotada, para quem vem de longe, para quem passa...

Mas não é nada não, pode chegar

Tenha certeza absoluta
Que não é nada com você...






É tudo comigo mesmo!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

quinta-feira, 10 de julho de 2014

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sou peão
O que você faz?

Poesia
Tenho medo do escuro...
















De dentro de mim
Perder
E não reclamar da arbitragem

É porque o caso foi grave
Meu coração dispara, diz para, dispara, depois diz para de novo
A encruzilhada se apresenta... De novo
Para onde vou?
Ficar, não compensa
Ir, é muito perigoso
Mas o que é a vida?
Meu coração pensa...


Já tô até com medo

De onde isso vai dar

Já conheço essa química em meu corpo
Essa mímica do Universo


Criando-me asas



para voar
E mais uma encruzilhada se apresenta...




Haja coração!!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Peço até perdão

                     pelos efeitos colaterais surtidos...

Mas esconder,
dentro de mim,
o que não me pertence....


               Nunca foi uma habilidade minha

domingo, 6 de julho de 2014

Raiva é o amor...


Em sua forma equivocada

Legião Urbana - Renato Russo - Perfeição

Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Gosto do gosto da poesia em minha boca
Do teu sexo dando caldo, dando sopa
Para depois de alguns meses...




Parir vida 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Não tenho noção do tamanho da imensidão do meu ser, do tamanho da imensidão do Universo...
Mas adoro flutuar nesse espaço, sem gravidade, sem verdades, sem vaidades
Meus erros, já não são tão graves, mesmo que grandes, sem grades
Os perdidos são perdoados, quando o caminho é se encontrarem

Anos-luz de distância, essa ânsia, sem perceberem, de ansiedade...

Quero paz.............................................................Meu caso é grave



Estou grávido de mim


E quero ter esse filho longe daqui
Em algum planeta onde ainda não tenha se plantado verdades...


A anos-luz de proximidade do meu ser



Perto do meu coração selvagem
Não espere perder o medo para seguir em frente...



Muitas vezes,



                                                   só no meio do caminho,




                     é que ele se perderá

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Gritar "Eu acredito" enquanto o Brasil empatava com o Chile, é fácil...

Quero ver é gritar isso para o nosso país

Justo ele, que essa escalação, quem faz somos nós
Quando ficamos ausentes
Estamos presentes de nós

Desamarrar os nós
É o nosso melhor presente

O paraíso não está lá no céu
Nem o inferno, embaixo do chão
A superfície, não é onde pisamos...

Todo o Universo...


Está dentro da gente

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cada um nos marca de uma forma...

Sempre

Desde o mais ignorante
Até o mais sábio

Mas tem uns que se dizem sábios
E ignoram o ignorante
Sem saberem
Que isso os tornam
Mais ignorante que o ignorante
A única diferença entre fazer só para impressionar
E impressionar só pelo fato de ter feito

Está na sinceridade do ato

terça-feira, 24 de junho de 2014

Quis fazer uma poesia
Que explicasse o que é a poesia da sensação
Para todos aqueles que leem, entendem e sentem, todo o profundo de uma poesia




Mas só saiu essas linhas...
Exilado...

Ilhado...

Uma porção de essência cercada por um mar de verdades absolutas por todos os lados

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Quanto mais medo da crítica...


Mais seu caso é crítico
Minha alma transgressora me traz paz
A moral... Não tem moral nenhuma pra me falar nada
Vai me falar o que e baseada em que?
Nos costumes, que mais cedo ou mais tarde vão morrer?
Morre quem vive esses costumes
Costume de limitar a alma humana
Jamais me acostumarei

E a moral pode gritar, se descabelar, se espernear...
Se é que ela se permite a isso

Mas é minha alma transgressora que me traz paz


Uma paz violenta...







Mas paz

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Ah, esse abismo...
Entre o poeta e as palavras
Onde foi que eu caí?

Justo eu,
Que quando rasgo um papel
Rasgo um pedaço de mim mesmo
Que quando jogo fora
Penso que joguei algo de mim que não entendi

Ah, nasci desesperado querendo voltar para o útero de minha mãe
Mas já era tarde, bateram-me, pois eu não chorava, não era por medo que eu não queria chegar
Só não sentia-me à vontade...
Já pressentia, desde muito cedo, essa verdade inventada...

Vida é uma coisa
Viver é outra
Fazer poesia é uma coisa
Ser poeta é outra

A caneta e o papel...
Imperdoavelmente, uma continuação do meu corpo
Um membro que muitas vezes arranco de mim mesmo
Nessa busca incessante de me ser

Palavras, palavras, palavras...

Oh, Deus... Oh, Deus...
Por que não me deste o dom de matar minhas dores em silêncio?

Agora, tudo que falo...
Viram-se e falam...
Jogam tudo contra mim...

Todos meus gritos são só meus
Quando vão descobrir?
Não se doam, não dê esse gosto para mim

Nas entrelinhas
Não existem minas escondidas
Apenas verdades, muitas vezes não ditas
Que podem ser confundidas
Com palavras a atacar alguém
Algum inimigo que nunca tive


Não, não estou armado, meu amor

Desarme-se, ame,

e compreenderás

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A menina pequena que fazia poesia

Olhei para ela, enquanto ela ria
Olhei para ela, nada parecia sério
Enquanto isso, eu pensava:
Essa aí, quando crescer,
agora sem saber,
já tá de encontro marcado...

Com o mistério

Pensei nas dores, com dor
E nas alegrias, com alegria...
Que um dia ela vai enfrentar
Os mares da vida,
que ela vai navegar

Pude ver enquanto a ouvia
Sua angústia de aqui estar
Transformada, e esmiuçada,
em uma inocente poesia

A imaginação já fértil
Sensibilidade aguçada

Sem ela sequer imaginar

Dava-me uma espécie de amor
Dava-me uma espécie de agonia
.
.
.
.
.
Ah, como eu queria conseguir fazer uma poesia para ela


Que a acompanhasse pro resto de sua vida

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector

             Descobri em cima da chuva um milagre — pensava Joana —, um milagre partido em estrelas grossas, sérias e brilhantes, como um aviso parado: como um farol. O que tentam dizer? Nelas pressinto o segredo, esse brilho é o mistério impassível que ouço fluir dentro de mim, chorar em notas largas, desesperadas e românticas. Meu Deus, pelo menos comunicai-me com elas, fazei realidade meu desejo de beijá-las. De sentir nos lábios a sua luz, senti-la fulgurar dentro do corpo, deixando-o faiscante e transparente, fresco e úmido como os minutos que antecedem a madrugada. Por que surgem em mim essas sedes estranhas? A chuva e as estrelas, essa mistura fria e densa me acordou, abriu as portas de meu bosque verde e sombrio, desse bosque com cheiro de abismo onde corre água. E uniu-o à noite. Aqui, junto à janela, o ar é mais calmo. Estrelas, estrelas, zero. A palavra estala entre meus dentes em estilhaços frágeis. Porque não vem a chuva dentro de mim, eu quero ser estrela. Purificai-me um pouco e terei a massa desses seres que se guardam atrás da chuva. Nesse momento minha inspiração dói em todo o meu corpo. Mais um instante e ela precisará ser mais do que uma inspiração. E em vez dessa felicidade asfixiante, como um excesso de ar, sentirei nítida a impotência de ter mais do que uma inspiração, de ultrapassá-la, de possuir a própria coisa — e ser realmente uma estrela. Aonde leva a loucura, a loucura. No entanto é a verdade. Que importa que em aparência eu continue nesse momento no dormitório, as outras moças mortas sobre as camas, o corpo imóvel? Que importa o que é realmente? Na verdade estou ajoelhada, nua como um animal, junto à cama, minha alma se desesperando como só o corpo de uma virgem pode se desesperar. A cama desaparece aos poucos, as paredes do aposento se afastam, tombam vencidas. E eu estou no mundo solta e fina como uma corça na planície. Levanto-me suave como um sopro, ergo minha cabeça de flor e sonolenta, os pés leves, atravesso campos além da terra, do mundo, do tempo, de Deus. Mergulho e depois emerjo, como de nuvens, das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis. Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mas que brotarão. Ando, deslizo, continuo, continuo... Sempre, sem parar, distraindo minha sede cansada de pousar num fim. — Onde foi que eu já vi uma lua alta no céu, branca e silenciosa? As roupas lívidas flutuando ao vento. O mastro sem bandeira, ereto e mudo fincando no espaço... Tudo à espera da meia-noite... — Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo. Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela trêmula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. Também me surpreendo, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa. Por que calada? Essas curvas sob a blusa vivem impunemente? Por que caladas? Minha boca, meio infantil, tão certa de seu destino, continua igual a si mesma apesar de minha distração total. Às vezes, à minha descoberta, segue-se o amor por mim mesma, um olhar constante ao espelho, um sorriso de compreensão para os que me fitam. Período de interrogação ao meu corpo, de gula, de sono, de amplos passeios ao ar livre. Até que uma frase, um olhar — como o espelho — relembram-me surpresa outros segredos, os que me tornam ilimitada. Fascinada mergulho o corpo no fundo do poço, calo todas as suas fontes e sonâmbula sigo por outro caminho. — Analisar instante por instante, perceber o núcleo de cada coisa feita de tempo ou de espaço. Possuir cada momento, ligar a consciência a eles, como pequenos filamentos quase imperceptíveis mas fortes. É a vida? Mesmo assim ela me escaparia. Outro modo de captá-la seria viver. Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo? — Palavras muito puras, gotas de cristal. Sinto a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro de mim. Mas onde está o que quero dizer, onde está o que devo dizer? Inspirai-me, eu tenho quase tudo; eu tenho o contorno à espera da essência; é isso? — O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si? Utilizar-se como corpo e alma em proveito do corpo e da alma? Ou transformar sua força em força alheia? Ou esperar que de si mesma nasça, como uma conseqüência, a solução? Nada posso dizer ainda dentro da forma. Tudo o que possuo está muito fundo dentro de mim. Um dia, depois de falar enfim, ainda terei do que viver? Ou tudo o que eu falasse estaria aquém e além da vida? — Tudo o que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto, encontro-me bruscamente sem amparo. No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo o que foi distancia-se de mim, mergulhando surdamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Alegre e plana espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeira diante de meus olhos. Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito — imagino já sem lucidez — minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrarei a vida, pois? Mas, mesmo assim, na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. Presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que me ocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. — Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranqüilamente admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma idéia — e nada mais. Porém — os raros instantes que às vezes consigo de suficiência, de vida cega, de alegria tão intensa e tão serena como o canto de um órgão — esses instantes não provam que sou capaz de satisfazer minha busca e que esta é sede de todo o meu ser e não apenas uma idéia? Além do mais, a idéia é a verdade! grito-me. São raros os instantes. Quando ontem, na aula, repentinamente pensei, quase sem antecedentes, quase sem ligação com as coisas: o movimento explica a forma. A clara noção do perfeito, a liberdade súbita que senti... Naquele dia, na fazenda de titio, quando caí no rio.