quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Ainda de dia,
dentro do ônibus,
sob o forte calor da metrópole,
abafado,
ponho meus cotovelos por sobre as pernas,
mãos no rosto,
cansado,
e começo a refletir...

Olho para o lado,
carros quase parados,
apenas preocupados em logo andar,
ou, em outros trechos,
andando em velocidades médias,
também preocupados,
evidentemente,
com o caminho em sua frente,
para chegarem logo a algum lugar,
mesmo que esse lugar,
seja quase sempre o mesmo lugar

Continuando seu itinerário,
de repente,
o ônibus faz uma curva,
a vista já um pouco turva,
e a lua cheia se apresenta,
ainda sob o dia,
por entre o azul claro do céu

Logo em seguida,
do outro lado da avenida,
na mesma direção da lua,
surgem os fios dos grandes postes,
da cidade grande

Lembro-me de uma partitura,
de música...

E a lágrima escorre

A bolinha,
ao longe,
a marcar notas,
nas linhas que iam surgindo,
ainda que descompassadas...

Pude ouvir a música do Universo

Sons que os distraídos não ouvem,
ocupados...
Ou em se livrar logo do cansativo trânsito para chegarem em casa
e descansarem para repetir tudo novamente no outro dia,
ou para não perderem o horário do compromisso marcado

Outra lágrima escorre

Sons que eu não saberia explicar,
a tocarem em silêncio dentro de mim

Para os que conseguem ouvir essa música,
indiferente ao barulho dos motores,
das máquinas,
entendem o que estou falando,
aliás,
nem precisaria falar...

Escrevo para,
quem sabe,
os que nada ouvem,
possam me escutar

É, também,
minha forma de comemorar...

Coisas lindas sendo tocadas dentro de mim...

Dá-me logo uma vontade de versar

E outra lágrima escorre

A desaguar em meu sorriso




Assim como o rio que nasce,
de um ponto pequeno qualquer,




para desaguar no mar

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