sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Quisera eu, meu amor
Que todos os problemas
Fossem facilmente resolvidos
Com um simples toque de racionalidade lúcida...

Mas, Deus... Por que esse coração de poeta?

Quisera eu
Que bastasse dizer basta
E tudo bastaria
E, já amanhã,
Seria um outro e lindo dia...

Mas, Deus... Por que essa mente de poeta?

Quisera eu
Os sentimentos não exercessem tanta influência
Que não cobrissem o clarão da experiência
Que não machucassem a razão
Para não fazermos o que não queríamos
O que não esperávamos
Para não pensarmos o que nos consome...

Mas, Deus, quem somos nós, quando sofremos dessa agonia?

Quisera eu, meu amor
Que você me quisesse...


Mas você não quis.




Ao diabo toda racionalidade.

Deixe doer
Se só dói em mim.

Para que entender
Só porque poderia ser
Só porque temos o vício do ideal?

O ideal é compreender que não existe ideal
O ideal é se entregar
Ao que se sente
Sentindo é que se aprende

Esquecer as teorias
Correntes...
Teorias são só teorias.

Fale para si mesma: é fácil falar.

Vide a vida
Por mais razão que se tenha
Por mais conhecimento que nos venha
Sempre prevalece o mistério
Império natural dos sentidos.

Nós temos o poder de pensar
Nós todos desejamos não sofrer
Mas se a dor não fizesse parte da vida
Eu até aceitaria...

Mas, se é inerente, se dela tanto aprendemos,
Por que essa teoria?

Quisera eu, meu amor...

Não te querer.


Mas, tudo bem, racionalmente, eu aceito.


Mas você fica com sua racionalidade...




Que eu fico com a minha poesia.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

sábado, 24 de dezembro de 2016

Estão todos equivocados

Inclusive, eu.

Mas, entre todos os equivocados

No que mais confio...

É em mim mesmo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Não é o que você é
É como o outro interpreta


Não interprete mal.
Se é o que você é
Se é autentico
Faça tudo o que um exibido faria.

Mas se você for só um exibido
Faça o que você fizer...

Sempre me soará estranho.


E tenho visto tantos.


Apenas faço...

Versos.

Tanto em livros
Como em vida.

Podem até não gostar de nenhuma das minhas poesias


Mas, o que me dá um sono tranquilo..,


É que ninguém poderá me acusar.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Eu já tinha esquecido

De como é doce

A sensação

De esquecer alguém

Consumar

O que antes te consumia

Quando este...


É um trabalho forçado.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Que eu viajo pra caralho, não tenho dúvida

A questão

É se você vai viajar comigo

Ou se vai ficar aí

Toda me estranhando

Me chamando de viajão.
Acho engraçado
Quando algum amigo
Sobre esse meu jeito de ser
- Quero ver quando um dia você explodir.
Sorrio, e sempre penso:
Até eu tenho medo.

Mas não se preocupem
Eu bem me conheço
Eu bem estou me conhecendo
Direciono para o lado do bem.

Aliás, de repente, já explodiu.

E o que vocês veem por aí...



São os pedaços voando de mim.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Essa dor de saudade

Não é de você, meu amor...




É de mim mesmo.
Tem me faltado voz
Mesmo em situações bobas
Ao falar com as pessoas

Rio por dentro
Quando me olham meio assustados

Tenho aceitado humilhações e calado
Tenho fingido que não estou vendo
Tenho fingido que não foi comigo
Tenho deixados todos os seres à vontade...

Para fazerem o que quiserem
Tenho deixado pisarem em mim
Meus calos, já tão pisados, tão calejados...

Tenho aceitado tudo
Ainda que todos os limites, do meu suportar
Tenham sido ultrapassados

Exercício diário

Tenho andado desarrumado
Tenho um quarto infinitamente bagunçado
Tenho preguiça de sair de casa
Tenho mil dilemas sobre a mesa
Mais mil sob a mesa
E muito, também, tão bem, eu tenho chorado

Tenho andado cabisbaixo
Distraído do que se passa por aí
Nas festas, nas praias, na mídia, nos rios, nas cachoeiras, nas lagoas, nas ruas...


Até minha conta no banco...

Tá quase abandonada.



















Mas quando eu virar a mesa...

Verão com que habilidade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

                Abri o bar e sentei no banco, esperando as pessoas chegarem. Sempre abro cedo, pois a disputa por uma vaga é grande. Antes das pessoas chegarem, passa uma amiga, que parou para conversar um pouco comigo. Perguntei pelo namorado que ela havia me apresentado há duas semanas, o qual ela havia falado mil maravilhas dele. Disse-me que tinham terminado. Perguntei quem. Ela mesma, respondeu-me. Por que? “Ahh, tem algumas coisas que não dá para ensinar, você sabe que já fui casada, que já tive várias experiências, não tenho paciência não”. Há mais ou menos dois meses, ela tinha ido lá me visitar e aproveitou para desabafar sobre uma pessoa que ela estava ‘ficando’ na época. Ela se desesperava, como se ainda buscasse explicação, como se implorasse para que a compreendessem. Ela disse que, do casamento, ficaram alguns traumas nela, que a impediam de fazer certas coisas e que, pelo que entendi, eram coisas essenciais para o término desse outro relacionamento. Afinal de contas, de que lado ela está? Do próprio umbigo.
- Eu esperava que você me compreendesse.

- Eu também. Eu esperava que você compreendesse que não consigo te compreender.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Neste quadro, intitulado "personalidades sergipanas", apresentamos conterrâneos, biológicos ou por opção, famosos ou anônimos, que inspiram e engrandecem o nosso Estado. 📷 Foto por: @marcospharmacia
️ Escolha: @jucb77 – Por Juliana Barretto


O sonho de boa parte da população brasileira é ter um cargo público. Aos 27 anos de idade Ivan já tinha alcançado esse objetivo, trabalhando como funcionário do Banco do Brasil, na cidade mais notívaga do nosso país.

Mas resolveu reescrever o seu destino: pediu demissão do emprego, comprou uma Kombi, a qual denominou carinhosamente de Clarice (sim, a Lispector!) e passou a divagar durante seis meses pelos Estados da Bahia, do Espírito Santo, de São Paulo, do Rio e de Minas, em busca de inspiração para a elaboração de mais um livro.

Voltando a seu berço, já sem dinheiro e sem muitas perspectivas, agarrou-se à sua Clarice e pôs-se a vender cerveja e a colecionar livros, transformando sua Kombi em um bar e biblioteca pública itinerantes, que costumavam estacionar, todos os domingos, na Cinelândia. Assim é até hoje!

Um Cajon e um violão foram incorporados a esse "novo way of life", junto com os amigos que foram surgindo ao longo dessa ainda curta, mas intensa trajetória.

Todos os domingos ele e Clarice, sua menina (por sinal, o título do livro que brotou desse reencontro com o seu "eu") podem ser encontrados distribuindo diversão e um consequente desejo de NÃO se "ver o domingo passar".


Ivan, sua Kombi e a energia fortemente agregadora que os circundam são uma excelente proposta para iniciar a semana com mais leveza no coração. Ivan e sua Kombi são gente de Sergipe.



segunda-feira, 19 de setembro de 2016

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Sonho?
Ser alguém na vida?
Ganhar a vida fazendo arte, sendo eu um artista?

Sonho...

Que as pessoas fossem coerentes com o que falassem.




Abriria mão de tudo.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Alma calejada
Ando calado
Por aí, aéreo, a esmo...

Tenho os pés no chão.


Versões distorcidas
Inversões
Visões distorcidas
Invenções
Pessoas distraídas
Traições...

E neeeem...

É tudo tão normal.

Convencional que não me convence
Apesar de estar convencido que as coisas são mesmo assim
Por que também não sou?
Por que essa minha sanidade tão insana?
Será as feridas de minha alma?
Será a cura das feridas de minha alma?
Será, à parte de qualquer coisa, minha alma?

Ando calado
Por aí
Aéreo
Enquanto carros passam
Velozes
Enquanto o mundo corre
Sabe-se lá para onde...

Desde que o destino seja umbigo próprio.


Isolo-me

E sinto tesão
Quando estou sozinho

Praia deserta
O mar
A lua
Eu, apenas eu,
As estrelas...

E o espaço...



E o vazio.





Tiro a roupa
Do corpo
Da alma
Uma energia
Uma atração
Puxa-me
A gravidade do mistério

Arrepios...

Caio no mar.


E sinto o invisível me colocando nos braços
E sinto minha energia renovada
E eu cada vez mais calado
Aéreo
Observando, observando, observando...
Olhar distante...

Absorvendo o que não enxergam
Para ser absolvido
Desse castigo que é amar...



Nesse mundo tão distraído.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

"Hey, mãe...
Eu tenho uma guitarra elétrica
Durante muito tempo isso foi tudo que eu queria ter

Mas, hey mãe!!
Alguma coisa ficou pra trás...
Antigamente eu sabia exatamente o que fazer.

Hey, mãe!
Tem uns amigos cantando comigo
E eles são legais
Além do mais
Não querem nem saber

Pois agora lá fora
O mundo todo é uma ilha
Há milhas e milhas e milhas de qualquer lugar

Nessa terra de gigantes
Que trocam vida por diamantes

A juventude é uma banda (larga)
Numa propaganda de refrigerantes."



sábado, 27 de agosto de 2016

São tantas lágrimas

Que minha alma encomendou três caminhões-pipa...


Para o caso de necessidade.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Quanto

De poesia
Caberia
No tamanho
Dessa dor
Inacabável
Teimosia
Sem tamanho...





Quando?

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Faço tudo pra esquecer

Pra depois,
Fazer tudo pra lembrar.

Pra depois ter que esquecer novamente.

Pra depois ter que lembrar.


- Mas que porra é essa?

É a ejaculação da vida.



No vai e vem...


Um hora tem que gozar.


Oh, mundo das ilusões das mais diversas
Versam os poetas, desiludidos, suas dores mil
Mil e uma noites, sozinhos, desse mundo se dispersam
E longe, descobrem o que o pão e circo, um dia, cobriu

Se esse é o pão que Jesus multiplicou
Ou se é aquele que o diabo amassou...
Que interessa?

Se o circo faz divertir
Se faz a criança, Deus da inocência, sorrir
Por que ele não presta?

Não, não é o que se come
Muito menos, não é o que se assiste
O Homem inventa, e se inventou, existe
Assim como todos, sem exceção, têm fome

Não se responsabiliza pelo que está lá fora
Por mais que, muitas vezes, a intenção seja maldosa
Toda ilusão está dentro da gente

Com medo de encararmos frente a frente
O espelho que a vida nos apresenta
Fazemos com que o circo seja quem nos representa
E com o pão, matamos a fome, apenas, do corpo...

Mas isso é pouco, descobriram os poetas
Depois que limparam a poeira que o circo deixou
Pegaram a caneta e, dolorosamente, escreveram coisas diversas
Ao verem, debaixo da lona, triste e sozinho...

O amor








E ninguém na platéia

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Se for para cortar
Rasgando
Riscando a dor...

Que corte (bem) devagar.

Que é para quando você voltar
Voltarmos ainda mais amor.


Ou
Se você se for
Se não suportar
O sangue que jorra
Que se vá
(Bem) devagar.

Que é para
Eu jogar
Flores
Coração túmulo
Enquanto você passa
Enquanto você nunca passa
Versos que caem
Sete palmos de dor.

Os mais finos suspiros...

Os últimos

Exalam...

Enfeitam...

Colorem...

Coração túmulo!!


De quem ainda vive

Mas que você matou.




Não sei se há vida após a morte


Mas há de haver vida após o amor.










Muito mais.

domingo, 31 de julho de 2016

Passei a vida inteira viajando...

Para descobrir...

Que tudo que eu precisava...




Era estacionar.




sexta-feira, 22 de julho de 2016

Ah, Pessoa...

Trechos de Tabacaria:

“Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,

Desci dela pela janela das traseiras da casa.”

domingo, 17 de julho de 2016

                Agora sim. Finalmente, em um lugar meu. Mais uma viagem. A maior de todas, até então. Não que as outras, Manaus, São Paulo, a viagem de Kombi, não tenham sido tão grande como essa, até aquele momento. Só que essa, é continuação de todas anteriores. Uma escada que construo, pacientemente, para o topo do meu ser, se é que existe topo... Degrau sobre degrau.
Cansado há tanto tempo da vida corrida, fingida, estressante, das cidades, que envenena as ideias de pessoas tão inocentes, tão espertas, tão ignorantes, tão sabidas, tão donas de verdades, onde cria-se um ambiente propício de visões distorcidas, mudei-me para um lugar tranquilo. Visões tão distorcidas, tão distantes da minha alma que, nesse meio, fica toda contorcida. Assuntos, ora supervalorizados, ora desvalorizados demais, e a essência, que brilha, invisível, o que importa, passa despercebida. Hoje, é de frente para o mar, morando numa casa que fica em um condomínio, pouco movimentado no inverno, que abraço minha paz. Quase deserto. Herança dos tempos das vacas gordinhas de meus pais, não muito, mas que agora usufruo. Lugar onde as poucas pessoas que encontro, são as mais simples possível. Lugar onde me encontro. Lugar onde, quando saio para dar uma volta no fim de tarde, sozinho, praia deserta, de frente para o mar imenso, as lágrimas escorrem sem pudor, sem poder, naturalmente, sadias, sinal da conexão com o desconhecido mistério. Tudo que não sou eu escorrendo através do líquido sal. Onda, pós-onda, pós-onda. Enquanto isso, deixo para trás as pessoas ‘guerreando’ por bobagens tão pequenas, com argumentações tão pequenas, onde eu via a essência escorrendo, como minhas lágrimas, mas de forma inversa... Estas, são dores. Desconectadas de tudo que poderia ser, que estragamos, sem percebermos. É tudo muito “assim mesmo”. Para mim, não. Se isso é uma regra... Eu sou a exceção.
Essa casa foi construída por meus pais quando tinha 12 anos de idade. Época da pré-adolescência, de muitas descobertas, início de uma nova fase. Fase esta, ainda sem responsabilidades, com espaço de sobra para ser quem sou. Fase que eu não imaginava, não parava para pensar, que as coisas iriam se tornando mais difíceis, que o mundo adulto é uma gravidade, grave, que nos atrai, nos tirando do centro de nosso ser. Adoro jogar futebol e, de tantas lembranças, as partidas são o que me lembro mais. Vou à praia e, ao pisar na areia, arena de tantas diversões, chego a sentir a bola em meus pés, arranhando-os de leve, como se tivesse acabado de jogar há dois segundos atrás. Olho ao redor da praia deserta, e vejo os amigos correndo, rindo, brincando, brigando, xingando, se divertindo... Era tudo tão leve!! O que fizemos de nós mesmos? Estamos tão distantes, tão diferentes... Eu não. Claro que não sou mais um pré-adolescente, que me tornei alguma coisa que não era naquela época, mas a essência continua a mesma. Todos os outros caíram na rotina, foram puxados pela gravidade. Eu resisti, motivo de tantas angústias, exige-se muito nadar contra a corrente. Mas, também, motivo de momentos ternos, eternos, plenos, mesmo nessa fase adulta, tão complicada. É lindo demais nadar contra a corrente. Por isso, ao pisar na areia, resgato essas lembranças de outrora, como se fosse ontem. Resisto. Não à toa, hoje estou aqui, sozinho dessa vez. Ninguém mais joga bola. O vizinho, outro dia, veio passar um final de semana por aqui. E jogar bola está, apenas, no museu de suas, nossas, boas lembranças. O mundo adulto o engoliu. Agora, tudo, e apenas, do que ele precisa, é ganhar dinheiro pra levar uma vida tranquila, e pagar a sua diversão nos finais de semana. E para ter essa vida tranquila, é preciso se estressar muito. Seus cabelos estão caindo, quase careca. Enquanto os meus, só crescem, mais e mais... Cada um no seu caminho.
Faço uma caminhada pela praia e meus pensamentos passeiam comigo. Olho para um lado, o mar, e só vejo água e céu. Olho para o outro, poucas casas e, mais para frente, nenhuma casa, e o sol se despedindo, mais um dia. Céu aberto, imenso, parecendo ser quatro vezes maior que o de Aracaju. Aos poucos, meus pés, “arranhados pela bola suja de areia”, tocam o chão da minha essência, que sempre brilhava quando frequentava esse mesmo chão que piso hoje. Era aqui, muitas vezes, que eu curava minhas feridas. Hoje, como antigamente, sem internet, celular só para receber chamadas urgentes, praticamente não ligo a televisão. Livros, filmes e músicas. Engraçado como a esmagadora maioria diz que eu vou morrer de tédio, morando aqui. É aí que fica clara a diferença entre os outros e eu: estou, ao contrário, renascendo. O mesmo lugar, a mesma coisa, que para quase todos é “morte”, para mim é vida. Cada um na sua... Nunca trabalhei tanto em minha vida.  
À noite, céu estrelado, como pouco visto nas cidades maiores, a poluição, o limo que cobre o infinito. Encostei-me de frente ao terreno de minha casa, palco também de muitas ‘peladas’ e brincadeiras, hoje tão modificado, como eu: mas o que ficou, ainda que invisível, ainda está ali, tal qual minha essência. E fiquei olhando para esse terreno, para o nada, para tudo, de todos os tempos. Nem faço ideia de quanto tempo passei ali. Aos poucos, o limo dentro de mim, a poluição, ia se derretendo, se vertendo em lágrimas, onda, pós-onda, pós-onda, lágrimas de cura, de dor, lágrimas de alegria, ao enxergar-me novamente o que sou, por inteiro, como um filho que volta para casa, depois de tanto tempo batalhando a sobrevivência difícil por aí, longe, e que devolve a sensação à mãe, ao pai, de que algo, alguém, uma parte de si, que estava faltando, está de volta. Vivendo uma guerra que não é sua, nada melhor que voltar para casa. Depois, peguei uma cadeira de praia, deitei-a para trás e fiquei, também não sei por quanto tempo, olhando para o céu. Cara a cara com o espaço, com o infinito, limpo, sem poluições. Eis a viagem, a maior de todas: cara a cara com o espaço, com o infinito. Mergulhei fundo dentro de mim. Aos poucos, meu espírito ia separando, não sem dor em alguns momentos, como quem cata o feijão, os que não prestam, daqueles que prestam, que vão alimentar e saciar a fome... De minha alma. Pensei em coisas que fiz, que não deveria, mas que fiz por prazer, era meu dever naquele momento. Pensei no que fiz querendo fazer, mas que me fizeram sofrer. Amor. Qual a medida exata? Fique de cara para o infinito, e deixe as estrelas responderem, sem nada ao redor para atrapalhar. Sem modernidades, sem distrações, sem poluição. Esqueça os livros, por ora, as teorias, tudo que se aprendeu. No outro dia, quando acordar, alguma sensação dentro de ti irá te dizer alguma coisa a respeito.   
                   Não há melhor companhia do que nós mesmos. Clichê. Sim, sem dúvida. Da boca pra fora, como costume da humanidade distraída. Na prática, buscam tapar seus vazios de forma paliativa, nunca ficando cara a cara consigo mesmo. São muitas as opções, as substâncias, os dispositivos... Muitas vezes, nem sequer dá tempo. Muitas vezes, nem sequer sabem que existe o si mesmo. Mas, para executar o clichê, para a sensação divina, só quando a companhia é inteira, coisa rara. A maior viagem de todas. Inteira. Como eu sempre quis, não por querer, mas porque sou assim. Não me entrego para pessoas, ou coisas, pela metade. Assim sou comigo mesmo, por isso sou assim com as pessoas ao meu redor, por isso espero também isso delas: eu sei o que é isso, o que isso significa: a autenticidade carimbada. Mas espero, sem esperar. Ou já teria morrido de decepção. É só o que eu gostaria que fosse: sei que o mundo não vai ser do jeito que quero, nem deveria, quem sou eu? Mas, agora, tanto faz: estou bem acompanhado. Pequenas (grandes) mentiras, pequenas (grandes) decepções de pessoas queridas, a distância que a cidade grande (tão pequena) nos impõe, as distrações... Tenho o mar, em vez disso. Troca preciosa, precisa. Fugindo da gravidade, fico mais próximo do ponto exato, do que tenho que fazer. A intuição, a naturalidade, o jeito de agir, cada vez mais próximo do impecável para mim, do jeito que eu gostaria que fosse, do jeito que me sinto muito bem. Estou cansado de estragos, estraga-me. Não sou desse mundo ilusório, ilusões que tanto infectam as pessoas. Sou vacinado. Tenho alma e coração. Que vocês continuem guerreando, mesmo sem perceberem que é guerra o que está acontecendo. Guerra sutil, juridicamente legal, de sentimentos, invisível. É tudo muito “assim mesmo”. Quantos sofrimentos desnecessários. Quantas necessidades desnecessárias. Se fosse uma partida de futebol, mesmo amando jogar bola, eu seria o primeiro a dizer: tô fora. Nunca se tem nada a perder, nem ninguém, quando se tem a si mesmo. Mesmo quando se fica de fora, do que mais se ama fazer.......................................................................................... Afinal de contas, sou inteiro................................ Não, não morrerei de tédio.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

O Médico e o Monstro ou Marla Singer

Primeiro, confiança
Matéria abstrata essencial
Depois, não se assuste
É só o oposto da cura
Posta a dura, realidade
É ilusão, a prontidão...

Das suas necessidades.
(As reais)

Descobrir as próprias
É se cobrir de sangue e risos
Lágrimas e suor
Guerras sem fim...

Imagine as do outro.

É luta

Não existem vencedores
Sem disputa
Não existem vencedores
Nessa luta

O importante, a única coisa...

É lutar

Até lá
Suportar
Suporte de quem ama
Mas antes, não esqueça, nunca esqueça:
É preciso confiar.


O monstro não existe, meu amor
É só fraqueza do médico
Ilusão do cérebro
Doença terminal que nunca termina

Não construiremos bombas, imagina
Mas antes, elas precisam explodir
As existentes...

Dentro de nós.

Faz parte do processo.

- Dê-me sua mão...

O ácido não é excesso
Apenas, essencial

Causaremos dor, mesmo sem querer...

Queira você, ou não.


Na faculdade de ser
Quem você é
Quem você pensa que sou?

Verás o monstro que sou...

O que não existe.

Paciência, meu amor...
Paciência...

Ciência de quem ama.

Em algum momento
As ilusões falecerão
Uma a uma
Rasgaremos suas roupas
Nudez que me dá tesão.

Nessa vida
Em que a maioria se engana
Não sou comum

Sou...

Excomungado

Nessa ilha de ilusão.


Não quero que nada de ruim
Aconteça
(Aconteça o que acontecer)
(Clichê não praticável)
Por minha causa...

Com você.


Simples assim...

É complicado.







“Eu sou a pior coisa que já lhe aconteceu”







“Se quer omeletes
É preciso quebrar alguns ovos”








Meu amor...




“Você me conheceu em um momento muito estranho da minha vida”

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Visitando o porão
De dentro de mim
Visita precisa
Visita forçada
Nada mais encontro
Dentro de casa
Que me traga a paz que preciso

Abro a porta
Desço a escada
Encontro outra porta
Outra escada
E mais uma porta
E mais uma escada...

Porão sob porão

Profundidade

E a dor, sem dó
Esporeia o dorso do coração
Que galopa a esmo
O mesmo que não para de bater
O mesmo que não para de apanhar

Quando canso
A dor chicoteia
Para não parar

Quando corro
Canso
Longe...
Não há ninguém por lá.


Quantas travessias, cada vez mais perigosas,
Ainda atravessarão esse meu torto caminho,
Que tanto me entorta?

Quanto de mim suportará, ainda, o peso de não ser,
o que me forçam, sem forçar, a ser,
o que nunca vou ser,
a não ser,
ser eu?

Por isso, recebo o chamado, preciso, imprevisível, misterioso, inexplicável...

Mergulhar

Mares revoltos
Terrenos desertos
Sede, miragens, tempestades, afogamento...

Escuridão

Desnorteado, cambaleante, baleado...

Continuo

Mais uma porta
(já não aguento mais)
Mais um porão

E a dor, sempre
Sempre sem dó
Ignora o sangue que jorra
Feito água...
Meus olhos...
Um mar de lágrimas

Mais cansado, cambaleante, quase caindo, novamente baleado...
Esgotado

Continuo

Mais uma porta
Mais um porão
E já não importa
Se eu aguento ou não

O que importa
É não me entregar
Ajoelhar-me à porta
Da ilusão

E viver a esmo
Em nome do medo
Desejando eternidade
Com uma infinidade...

Das mais filosóficas orações.

De tudo que sei
É que em algum lugar
Encontrarei meu Deus
Não olhando para cima

Mas descendo, sedento, religiosamente,
Ao mais fundo

Dos meus mais tenebrosos porões.

domingo, 12 de junho de 2016

Quanta parcialidade, Deus meu

E a parcial:

Anulação da anulação da anulação

E eu, um tanto assustado...

Anulo várias opiniões.

Vaidades à flor da pele
Paixões cegas...

Verdade comprometida


E pergunto-me, lambendo a própria ferida:

O que fiz eu da vida,
Para essa sensibilidade à flor da pele?

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Esqueça o pessimismo, minha querida
Esqueça, também, o otimismo
Apenas lembre-se
De fazer
O que te tira do chão.

Faça sua parte...

Não é preciso acreditar em um lado
Ou em outro
Tudo sempre tem os dois lados

Tal qual uma moeda...

Jogue-a para o ar
Jogue-se para a vida

E não se preocupe em que lado ela cairá.

O que importa
Não é o resultado
Mas sim
O intervalo
Em que ela gira

Desde o 1º segundo que ela sai da sua mão
Até o último segundo antes do resultado

Sempre varia

Sempre

Um e o outro lado...

É inevitável

E é o que importa.

Já ela parada
É só uma vida sem graça
Independente se você acredita
Independente se você aposta
Na coroa ou na cara.

O que importa
É a cara e a coragem...

Dela ser jogada para o alto.


Esqueça o resultado.

É no meio de um desses caminhos


Que está o coringa do baralho.

quarta-feira, 8 de junho de 2016