Eu
devia ter meus 16, 17 anos... Essa garagem foi histórica, marcante, tocante, e
tudo que se possa escrever semelhante a tais palavras... Se bem que palavras
não são nada, perto do que foram esses momentos, muitos, muitos momentos. Sobretudo,
profundos. Para começar, tocávamos, cantávamos e bebíamos, numa liberdade que
nossos 17 anos permitiam... Eu sempre saía dessa garagem de alma lavada (Limpa,
que nenhum Omo seria capaz... Brilhando). Foi lá que ensaiamos para o meu
primeiro show, com público, palco, etc. Meus amigos loucos, sonhadores, amantes
da arte. Até hoje, sempre comento sobre esses dias... E posso dizer, sem sombra
de dúvida, que fazem parte dos melhores dias de minha vida... Nessa garagem, eu
nunca fui tão eu. Pela música, pelas conversas com esses amigos, por estar em
um lugar, como disse um deles: essa garagem era em outra dimensão... E era... A
dimensão da essência.
Não
bastasse, a casa desse meu amigo ficava bem em frente à BR 101, que cruza minha
cidade natal, Estância. Entre um intervalo e outro, sozinho, ou conversando com
alguém, jamais conseguiria descrever o meu sentir, o meu olhar, ao fitar o
asfalto, os carros e caminhões passando... Mais de dez anos antes de minha
viagem com Clarice. Antes, durante e depois dessa viagem que virou livro,
sempre lembrei desses dias... As ligações que faço com o passado. Ali, no auge
da minha juventude, eu apenas sentia cócegas em minha alma... Jamais poderia
imaginar onde isso iria dar. Na inocência da minha juventude, jamais poderia
imaginar como minha essência iria me cutucar, para chegar onde cheguei e fazer
o que fiz.
Hoje, quando
abri o facebook e vi essas fotos que uma amiga postou, que também fazia parte
da turma, o coração acelerou... E o melhor: a satisfação de ter seguido meu
coração, de não ter me acomodado, de não ter preferido o conforto de um emprego
seguro, como eu tive, um tempo, em minhas mãos. Ainda bem, minha alma, essa
mesma de mais de dez anos atrás, essa mesma que já não é mais a mesma, jamais
me abandonou... Amor... E quem me ama, como ela, faço qualquer coisa...
Qualquer sacrifício... E hoje, vendo essa foto, posso dizer que tenho sido um
bom amante... Mas como diria meu queridíssimo Belchior: “minha normarlista
linda, ainda sou estudante, da vida que eu quero dar”.
Um
tempo depois, ainda fizemos um outro show, eu e meu amigo Helmir, dois violões
e duas vozes... Liberdade era a palavra de ordem... Descalço, em cima do palco,
para eu nunca esquecer, de sempre tocar os pés no chão de minha essência...
Como se eu fosse esquecer... Como se meu amor, minha alma, fosse me deixar
esquecer... Mas relembrar é sempre bom... Tempos que não voltam jamais, mas que
jamais vão embora... Tempos em que os sonhos começavam, ardiam na alma e que,
ao mesmo tempo, tudo parecia tão fácil de resolver... Ah, a doce juventude... O
tempo passa... O passado não... E o futuro, não estou nem aí... Vivendo bem o
presente, posso me dar ele de presente...
Mais uma vez, Belchior: “Até parece que foi ontem, minha mocidade... Meu diploma de sofrer, de outra universidade... Minha fala nordestina... Quero esquecer o francês... E vou viver as coisas novas que também são boas... O amor, o humor das praças cheias de pessoas... Agora eu quero tudo... Tudo outra vez...”
Mais uma vez, Belchior: “Até parece que foi ontem, minha mocidade... Meu diploma de sofrer, de outra universidade... Minha fala nordestina... Quero esquecer o francês... E vou viver as coisas novas que também são boas... O amor, o humor das praças cheias de pessoas... Agora eu quero tudo... Tudo outra vez...”
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