quarta-feira, 5 de março de 2014

Sinto frio...

Estranhezas dentro de mim,
um dia de calor

Tenho febre

Tremo, tremo, tremo
e temo não adormecer
Temo que a dor
não adormeça

Não tenho anestesias


Uma linha fina,
invisível,
faz uma ligação,
com um passado que já passou...

Mas que,
inevitavelmente,
mora dentro de mim...

Um dia se fez morada...
Fincada


Algo cruza meu caminho, por acaso,
e com indelicadeza,
bate a porta de uma casa que eu nunca mais visitei

Tento seguir por outro caminho, por outras ruas...
Mas é escuro
E todo lugar parece-me sempre para lá

Não quero fugir,
não sou desses
Não quero fingir,
não tenho habilidade para tal

Já passou... Já passou...
Eu sei

Por que então,
essa lembrança,
na ponta dos pés,
veio me visitar?

Tudo bem,
não veio através de mim
Apareceu de repente
Assim como um cachorro atravessa a estrada, repentinamente,
a cruzar o caminho do carro em alta velocidade...

Algum sinal?

O que fazer?
Não há tempo para pensar...

Para que pensar?
Ora essa,
para que pensar?
Eis a minha verdadeira dor: pensar

Não é nada de passado,
é só deixar rolar,
no fundo, no fundo, eu sei...

É futuro

É só a vida,
querendo me ensinar

É que,
essa coisa,
tão importante para mim,
está lá...

Guardada na sala,
dessa velha casa abandonada,
que quando saí,
esqueci de levar...

E se estou versando
é porque estou enrolando
diante das portas
dessa casa sombria
que um dia foi sombra miha
e que só o escuro reina, agora
e tudo que sobra
é um eterno assustar

Mas eu vou lá

Todos esses versos, esse recreio, foram só a preparação

Para enfrentar

esse mar revolto...

A tempestade desse (a)mar


Como um navio afundado
Inesperadamente encontrado
Como se ainda tivesse algo lá
para eu encontrar

Mergulho, sem medo...

O melhor,
depois virá

O melhor,
vem logo após o medo

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