quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Recife - PE

                Da rodoviária, pegamos um ônibus, e descemos na Av. Conde de Boa Vista, cidade de Recife. O hotel ficava no final da avenida (ou início), em frente ao rio Beberibe, esquina com a rua Aurora. Quando esse amigo convidou-me para essa viagem, ele não cansava de repetir: vou te levar na praça onde está a estátua de sua menina, sua amiga Clarice... E ria...


                Essa região que nos hospedamos, foi onde Clarice deu seus passos em sua infância e início de sua adolescência, antes de ir morar no Rio de Janeiro, já com seus quinze anos. Ruas onde ela morou, estudou e, sobretudo, viajou... Assim como eu, mais de oitenta anos depois de sua passagem por lá.

                Perdão, querida, por chegar assim tão atrasado, mesmo não marcando horário nenhum contigo... A eternidade precisa de relógio? Mas conforta-me teres deixado palavras tão minhas, tão almas, tão acolhedoras, para quem tem uma alma... tão assim. Sim, assim mesmo, essa é a definição.

                 Passeando pela Rua Nova, pela Av. Conde de Boa Vista, pela rua Aurora, pela praça Maciel Pinheiros... Passando pela frente do ‘Ginásio Pernambucano’, tive saudade de alguém que não conheci... Chorei por alguém que não abracei... Senti alguém próximo de mim, mesmo ela não estando lá há tanto tempo... Coisas da alma... Como poderia explicar? Não sei... A única coisa que sei, é que não tem explicação... O que me resta é, apenas, sentir...

















                Claro, andei por outras ruas também... No sábado à tarde, saí para rever um amigo, uma amizade de 31 anos. Ele viu-me pela primeira vez, quando eu ainda estava nos meus primeiros dias de vida. Fazia uns dez anos que não sentávamos para tomar uma cerveja. Nesse mesmo dia, ao voltar para o hotel, eu e o senhor que me levou para essa viagem, nos desencontramos. Já era noite e saí andando pelas ruas do Recife Antiga, sem conhecer quase nada, até chegar no Marco Zero. Comprei uma cerveja, já estava pra lá de embriagado, sentei com os pés quase tocando a água, acendi um cigarro, e fiquei horas por lá, viajando e vendo o mar... Que viagem!! Clarice e eu a dialogar, em silêncio... E o barulho quase silencioso do balanço das águas...


"Renda-se como eu me rendi
Mergulhe no que você não conhece,
como eu mergulhei

Não se preocupe em entender...

Viver ultrapassa qualquer entendimento"

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