sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Quisera eu, meu amor
Que todos os problemas
Fossem facilmente resolvidos
Com um simples toque de racionalidade lúcida...

Mas, Deus... Por que esse coração de poeta?

Quisera eu
Que bastasse dizer basta
E tudo bastaria
E, já amanhã,
Seria um outro e lindo dia...

Mas, Deus... Por que essa mente de poeta?

Quisera eu
Os sentimentos não exercessem tanta influência
Que não cobrissem o clarão da experiência
Que não machucassem a razão
Para não fazermos o que não queríamos
O que não esperávamos
Para não pensarmos o que nos consome...

Mas, Deus, quem somos nós, quando sofremos dessa agonia?

Quisera eu, meu amor
Que você me quisesse...


Mas você não quis.




Ao diabo toda racionalidade.

Deixe doer
Se só dói em mim.

Para que entender
Só porque poderia ser
Só porque temos o vício do ideal?

O ideal é compreender que não existe ideal
O ideal é se entregar
Ao que se sente
Sentindo é que se aprende

Esquecer as teorias
Correntes...
Teorias são só teorias.

Fale para si mesma: é fácil falar.

Vide a vida
Por mais razão que se tenha
Por mais conhecimento que nos venha
Sempre prevalece o mistério
Império natural dos sentidos.

Nós temos o poder de pensar
Nós todos desejamos não sofrer
Mas se a dor não fizesse parte da vida
Eu até aceitaria...

Mas, se é inerente, se dela tanto aprendemos,
Por que essa teoria?

Quisera eu, meu amor...

Não te querer.


Mas, tudo bem, racionalmente, eu aceito.


Mas você fica com sua racionalidade...




Que eu fico com a minha poesia.

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