sábado, 3 de agosto de 2013

Quando nasceu minha dor

Essa dor de saber que a dor é inevitável
Essa dor de saber que esse ser tem um coração desregulado
E que enxerga que muitas dores poderiam ser evitadas...

Cuidei dela, como de uma filha cuidaria
Ou como cuidaria, da amada companhia
Brigamos muitas vezes, é claro
Quantas vezes chorei, desesperei?
Mas, quantas vezes, também, ensinaste-me a perdoar?



E o tempo passou...



Hoje,
é ela quem cuida de mim...

Ensinou-me até a fazer poesia

Foi ela que me deu coragem para largar meu emprego seguro,
e sair viajando, seguro de que, muitas coisas, eu aprenderia
Deu-me forças até para escrever livros
Sábia dor, sábia agonia

Ensinou-me tudo, sobretudo, a amar
Coisa que parece rara,
nessa era de tanta tecnologia

Amada dor...
Nessa arte de amar,
já não sou tão amador
Foi só eu aprender a lidar
Aceitei você do jeito que és
Parte inevitável da vida

E, apesar de ter reclamado tanto, tantas vezes, tantos dias...
Era tudo raiva
Você mesma sabia que até eu mesmo sabia
Era porque a ferida ainda ardia
E ainda arde
E sempre arderá

Mas, agora, é diferente
Quando estou chorando,
agora eu sei:
não vens para me fazer mal
Pelo contrário,
é para me fazer companhia

Foi com você, amada dor
Que aprendi o que é a verdadeira alegria...

De viver

A dor, pode até ser só dor para alguns
Mas, para mim,
é a vida parindo alegria

É um casamento

Muitos não suportam

Pedem divórcio

E, de algum modo,
se acomodam

Ou  vão embora...


Amada dor, você bem sabe
Nunca te abandonei
Nunca me abandonastes...

Foi a única que me acompanhou todos os dias
Na saúde ou na doença
Na tristeza ou na alegria

Hoje, pego-me perguntando, devaneando, leve, sereno, fumando um cigarro:

- Querida dor... Sem você... O que será que eu seria?

4 comentários:

  1. Poxa nunca vi alguém falar da dor com ternura. Só os Espíritas. A dor é um sinal de que estamos vivos. Só os mortos, pelo menos os corpos, é que, coisificado, como as pedras, não manifestam nenhuma emoção, nenhum espasmo involuntário de vida: dor, calor,amor, alegria, desilusão... Me ocorreu uma rima, toca violão? Eu também aprecio o pinho. Esse trecho:

    "Foi ela que me deu coragem para largar meu emprego seguro,
    e sair viajando, seguro de que, muitas coisas, eu aprenderia
    Deu-me forças até para escrever livros
    Sábia dor, sábia agonia"

    Me lembrou esse vídeo (link), repara que lição de vida, de repente pensei que era você falando:http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=nIOts0hHfTc

    Texto comovente Poetamigo. Aprecio, reflexivo.

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    1. Pô, Fabio... Valeu, mesmo, pelas palavras!!

      Toco violão sim, não sei se o suficiente para musicar tudo isso, mas nem tinha me ocorrido a ideia, quem sabe agora não sai alguma coisa... Ou, não entendi bem, vc toca e já pensou em algo em cima disso?

      O depoimento desse cara é fantástico e, sim, me identifiquei demais...rs... Disse muitas coisas que eu ainda não tinha conseguido expressar e coisas para ensinar... Muito bom, valeu pelo link!!

      Abração!!

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    2. É que eu vi sua foto com o violão e disse vou comentar no final, no que digitei desilusão, enveredei doidamente, na rima (rs...) nada a ver, desculpe. Mas se serviu pra lhe despertar uma ideia, bom, foi um tiro no escuro. O vídeo descobri por uma acaso. Legal né? Cara de atitude como você, admiro. Sou um cara comum ainda apegado a essas coisas materiais. Também gosto do Raul.

      http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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    3. rsrs... Tranquilo... O vídeo é show... Quanto ao "sou um cara comum", não diria isso... Fazer poesia não é tão comum assim, já é muita coisa.. Quanto ao resto, todo mundo tá sempre apegado a alguma coisa e nossa luta é essa, de se livrar o máximo possível... Já fiz bastante coisas, mas vejo que ainda há tantas a fazer... Também sou "um cara comum"... =D

      E, assim como o vídeo, seu blog também é show... Gosto bastante do que escreves, muito bom mesmo!!

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