sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Alice Ruiz

o corpo cede
letras se sucedem
um verso doido aparece

morrem todas as sedes
movem-se pedaços de preces
sobe-se por onde se desce

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tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado

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alguma vez
                    você já disse
eu queria morrer
                            agora
e não era o tempo
e não era você
e todo mundo
                       já tinha
                                    ido embora?

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a folha faz barulho
tenha ou não letras

já o silêncio faz ver
todas as coisas pretas

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não se escandalize

tudo isso
a gente pensa
quando entra
em transe
quando sai
da crise

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um signo que sonho
um sonho que sim
assim fico
imagem gêmea de mim

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