sábado, 30 de abril de 2016

Réu confesso:
Sensibilidade à flor da pele

Condenado, prisão perpétua
Crime cometido: amar


Sem direito a julgamento
Com todo direito a reclamar
(Mas sem adiantar)

E tanta gente julgando
Até quem menos se imagina
Tanta gente jogando
Sem imaginar que.

Tantos corpos
Poucas almas
Habeas corpus
Sempre longe
(de vez em quando)
Hora que espero
Ora com angústia
Ora com divina calma.

Sem direito a recorrer
Sem ter para onde correr


Peço anistia
E negam-me...
Sem sequer imaginarem


Crime doloso (a mim), este que cometi

Crime doloroso, que nunca deixarei de praticar.

Algemem-me
Levem-me

Minh’alma geme
E não há juiz
(Só por ser juiz)
Que possa escutar


Eu me rendo...


Custe o que me custar.




E na loucura desta prisão,
tão libertadora...

Escrevo poesias...
Que é para não enlouquecer.

E converso com Deus
Um ser que nem sei se existe

Mas que já me anistiou de qualquer ato
De qualquer fato
Que venha me atar
Que venha me matar
De dor




Desde que eu seja o que sou...



Único álibi capaz de nos salvar.

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