Réu
confesso:
Sensibilidade
à flor da pele
Condenado,
prisão perpétua
Crime cometido: amar
Crime cometido: amar
Sem
direito a julgamento
Com
todo direito a reclamar
(Mas
sem adiantar)
E
tanta gente julgando
Até
quem menos se imagina
Tanta
gente jogando
Sem
imaginar que.
Tantos
corpos
Poucas
almas
Habeas
corpus
Sempre
longe
(de
vez em quando)
Hora
que espero
Ora
com angústia
Ora
com divina calma.
Sem
direito a recorrer
Sem
ter para onde correr
Peço
anistia
E
negam-me...
Sem
sequer imaginarem
Crime
doloso (a mim), este que cometi
Crime
doloroso, que nunca deixarei de praticar.
Algemem-me
Levem-me
Minh’alma
geme
E
não há juiz
(Só
por ser juiz)
Que
possa escutar
Eu
me rendo...
Custe
o que me custar.
E
na loucura desta prisão,
tão
libertadora...
Escrevo
poesias...
Que
é para não enlouquecer.
E
converso com Deus
Um
ser que nem sei se existe
Mas
que já me anistiou de qualquer ato
De
qualquer fato
Que
venha me atar
Que
venha me matar
De
dor
Desde
que eu seja o que sou...
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