Os adultos e o tempo cercaram-me
Quantas vezes não soube lidar com coisas tão simples,
Por não ter aprendido as regras impostas, tão desnecessárias para mim?
O que são regras para uma criança?
Se cumprem, apenas por ordem, não por entendê-las
Uma criança que não acreditam ser, e com razão...
Vide os fios de minha barba branca
Mas todos crescem...
E eu me perdi
Tenho minha fértil, a fértil imaginação das crianças, tão mais completa, tão mais sincera, gratuita, tão sem julgamentos baseados em conceitos fabricados de acordo com a época vigente, relacionados aos interesses dos que comandam a nação, o dinheiro necessita, sempre urgente, girar e eles vão te comprar sutilmente, e vocês ainda é que pagam, e caro, por isso
Não, não quero nada e, pasmem, dizem-me tudo que eu deveria querer
Ou tudo que eu deveria ser
Ou tudo que eu deveria ter
Ou, então...
Nesse lugar onde buscam diversão, mas que agora não tem mais graça para mim
O tempo mudou
Não, eles não brincam mais, percebi
Apenas se distraem para não perceberem o roubo do seu ser...
A anestesia para enganar, para afastar a saudade de quem verdadeiramente são e que não são mais
Tenho as melhores brincadeiras em minha imaginação
Mas não tenho com quem brincar
Até quem era criança no meu tempo de criança...
Cresceram
E adultos e crianças não se misturam, por terem tanto conhecimento e tanta informação...
São tempos diferentes
Não tenho whatsapp
E fico de fora dos convites dos amigos, por esse simples motivo
Saio de campo feliz...
Eles apenas entregaram-se, sem perceberem, à regra vigente da época
Eles que tanto criticam a exclusão social...
Ficaram pobres, tão ricos de informações
Contribuintes da mesma exclusão, só que de outra forma
Vale ressaltar...
Sempre há as exceções
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