Meu querido...
Permita-me
chamar a ti já assim, apesar de conversarmos por apenas dez minutos ontem à
noite. Seres como você identifico-me até no olhar, de longe, sem uma conversa
qualquer, mas que bom que ainda assim pudemos conversar. Já leste Nietzsche e
tem amor por sua obra, já leste Clarice Lispector e Fernando Pessoa, e tem igual
amor por suas obras. Saibas que, já por isso, tens o meu amor por você. Cada
letra datilografada ou desenhada por esses autores, e muitos outros, é um
“querer bem” meu a ti, porque sei muito bem que se sente perdido nesse mundo,
sente-se só, as coisas não lhe agradam como elas acontecem, assim como não agradam
a mim também. Foste outrora feliz, tivera sonhos lindos, posso imaginar os mais
lindos que alguém possa sonhar, mas a dura realidade veio com a força de um
tsunami, mas não na velocidade deste, para ir levando cada um desses sonhos,
como se fossem apenas pedras espalhadas por uma estrada qualquer, como se fosse
apenas um objeto arrastado sem qualquer valor. Sim, a sociedade não vive para
sonhos e sim para o status e dinheiro, para o egoísmo e para o si mesmo. O
resto não existe, desde que eles não precisem. O resto é estranho ou ridículo
ou sujo para eles. E para eles, somos assim.
Devo dizer que amo você assim
como nunca amei ninguém e que esse amor poderia passar sem beijos, sem sexo, ou
sem te encontrar novamente, mas ainda assim, serias o homem da minha vida, o
homem que me faria, todos os dias, sorrir antes de dormir ao pensar em você, coisa
que só um ser humano nobre poderia fazer a mim. Esta é só nossa primeira
correspondência, foram só esses dez minutos de conversa, mas escrevo sem medo:
eu te amo! E sei que não vais me achar “melosa”, muito menos precipitada, muito
menos exagerada (ah, como é tranquilo te escrever e como é raro essa
tranquilidade em mim a escrever para alguém): a nossa língua, que espero sim
que elas se entrelacem mais adiante, porém sem pressa (só tem pressa quem ainda não ama a si mesmo
em sua total profundidade), é uma só: a dos seres apaixonados pela vida, sobretudo
pela sua simplicidade, pela sua beleza. Mas uma multidão, ao contrário de nós, dá
sua vida em troca de muitas vaidades gratuitas e que vai na contramão de tudo
que tanto queremos. E é esse o nosso destino: suportar.
Porém,
fica bem, que bem eu já estou: te conheci... Eu gostei de cada gesto seu, de
cada gosto seu, desse jeito seu e, minha vida, há pouco indigesta, passou a ser
doce. Amo-te, meu amor... Amo-te tanto tanto quanto a mim mesma, sabes do que
estou falando, portanto, sabes o tamanho desse amor: infinito. Posso dizer que
sou sua, porque sei muito bem que sabes que não sou sua. E cada inspiração e expiração
de ar seu, sinta um beijo meu, sem receio de que isso vá te sufocar... Nós
carecemos desse ar, nunca é demais... Um ar peculi-ar... Sei que vai te fazer
sorrir... E a mim também... Para quem sabe respirar esse ar, ele é viciante, você bem sabe.
Beijos da sua E.M.
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