domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tenho uma dor

Sim, a única certeza desse momento:
Tenho uma gigantesca dor
Que não cabe no compartimento onde caberiam todas as dores.

Transbordante...

Digna de suicídio.


Mas não o farei


Ao invés de morrer...

Aprendi a viver...

O que só aumentou minha dor.

E que me aliviou...

Como um gozo depois de incansáveis penetrações sem prazer...sincero.

Sem orgasmos.


Penetrei nas profundezas da imundície humana
Nas sutilezas dos fingimentos
Tão bem fingidos
Que, às vezes, nem o fingidor percebe...

O prato diário que tenho que engolir...

Goela abaixo.

Silencio.

Morri...

Vivo.

Já gritei...

E os que me ouviram...

Eram só porque queriam ser ouvidos.

Interesses.

Humanidade desinteressante...


Sou mútuo.



Se meto uma bala em minha cabeça
Já sei todo o clichê
O egoísta que não pensou nos outros

Não o farei.

E viverei entre os egoístas que não pensam no outros.



Sangro em silêncio...
Hemorragia que não estanca...
Mas que aprendi a me deliciar com o sabor do sangue.

Questão de sobrevivência.


Salvo a natureza e o mistério das coisas...

Nada me salva.

Morri.

Em silêncio.


E ninguém compareceu ao enterro.

Tão distraídos, acham que estou vivo.


Sim, foi anunciado...

Tanto escrevi.

Mas só se identificaram...

Só queriam conforto, serem ouvidos, serem compreendidos...









E ninguém compareceu...
















Só quando for tarde demais.

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