sábado, 18 de janeiro de 2014

São Paulo - SP

            Ainda em Aracaju, enquanto lia o livro “O Castelo de Vidro”, algo mexia comigo, aquele cutucar que já conheço: algo vai acontecer. Pensei: lá vem o vento mais uma vez. Fiquei atento. E, como venho fazendo, deixei rolar. Até que um dia, tive um sonho, acordei e, antes mesmo de despertar completamente, decidi: vou morar em São Paulo. No sonho, nada muito claro. Não havia São Paulo, muito menos setas indicando-me a direção. Apenas sensações... No outro dia à noite, já estava com a passagem na mão.

            Cheguei antes do Natal e do Ano Novo. Quis, mais uma vez, experimentar a sensação de passar essas datas, tão comemoradas, comigo mesmo. Quis me sentir, quis ir no mais fundo do meu “eu”, quis estar longe dos fogos e da agitação... Longe da multidão. Por que essa “loucura”? É que no caminho que estou, se não houver uma boa dose de loucura, não me curarei... Curar de quê? Também não sei... Por isso, para onde o vento tem soprado, tenho ido. A certeza vaga, de tudo que não sei, é que me leva por aí. E como diria Raul, não sei para onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho.

            Deixei alguns panfletos sobre meu livro em algumas livrarias e cafés, e relaxei por um tempo durante o período de festas. Sabia que esse “relaxamento” estava com os dias contados, precisava aproveitar. A partir de janeiro, ia recomeçar a batalha. Para eu me manter por aqui, tinha que arrumar um emprego.

No Natal, fiquei sozinho na casa de um amigo, que tinha viajado. No ano novo, sozinho na pensão que estou morando. Entre uma lida e outra no livro “A paixão segundo G.H.”, de Clarice, entre uma música e outra no meu violão, ia para escada que fica ao lado da casa, fumar um cigarro. Na casa vizinha, dava para ouvir a festa, suas músicas, suas vozes e toda sua programação, igual de todos os anos... novos. E comentários sobre o ano que passou, e sobre o ano que estava por vir. E por tudo que ouvi, nunca fui tão feliz por passar o ano novo sozinho... Não é isolamento da vida real... É que é essa a minha realidade.

 E dez dias depois, procurando emprego, consegui um. No início de fevereiro, começo a trabalhar. Recomeçar outra vez. A necessidade. Enquanto isso, o meu principal caminho (eu mesmo), continua. O que isso vai me trazer, o que estou fazendo aqui, será que estou no caminho certo, será que não estou viajando, será que não estou doente, será que não preciso de ajuda, será que estou fazendo uma coisa fantástica, será que é uma coisa simples e normal? Não sei... Vim parar aqui, meio por acaso, justamente para descobrir. Eu jamais saberia viver com uma dúvida, perguntando-me todos os dias: “como será que seria?”. Seja o que for, aqui estou... Que venha São Paulo mais uma vez. Independente dos momentos de angústia, sempre tem aquela fresta de essência que me diz que estou no meu caminho... O vento tem sido meu companheiro. Aliás, foi do ventre do vento, que nasceu minhas asas. Seja como for, faço de tudo para voar... É necessário... Eu não tenho mais chão...

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