terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um final de semana

A angústia do poeta com a caneta na mão, em um poema travado, o sentimento saindo pela boca, no pensamento um milhão de pensamentos, a alma angustiada dando um nó na cara, é o melhor de qualquer poesia.
Assim como a alegria da “poesia exata”, das palavras arrumadas e rimadas (e não que rima seja obrigatório), escrita exatamente conforme o sentimento...isso é o que chamo de exatidão (e não que a exatidão seja, também, obrigatória).
Mas há poesia também em quem não escreve
Vejo isso nas pessoas simples e, principalmente, nas crianças
A maioria nem sabe falar direito
Ali, quando crianças, crescendo, talvez seja o último instante de pureza
Por isso, temos que aproveitar cada instante
E sabe o que é melhor?
Nós aproveitamos
E sabe por que?
Nós nem sabíamos
Ali, o ser humano, talvez, em seu último instante de sinceridade
Não sei exatamente quando acaba
Tá vendo que não é preciso exatidão?
Por isso, toda vez que olho uma criança, leio uma poesia
Somos nós, na sua essência...e de improviso
Que é do jeito que eu gosto
Meus parentes dizem que eu me dou bem com crianças
Tinha um que só se aquietava comigo
Um danado
E tudo que eu faço?
Apenas os ouço, os leio
Eles não me julgam
Então, por que julgá-los?
Que direito eu tenho?
Tento me aproximar ao máximo da minha pureza
E são eles que me ensinam
Estranhamente, me senti mais só
Por que será?
As crianças me curam de muito mal que vejo por aí
Os extremos, os opostos
Preconceitos, julgamentos
Estamos sendo analisados e filmados a todo momento
Não devemos nada a ninguém e mesmo assim nos cobram
Cobras!!
Com o veneno pronto para ser lançado, na ponta da língua
Não!
Crianças não me julgam
E sabe por que?
Eu apenas me dedico bastante, o máximo
Uma forma de agradecimento
Porque eles são um dos poucos que falam minha língua
Ainda que eles não saibam falar direito
E, nesse final de semana, eu li muitas poesias

Dedicado a meus primos do interior de Sergipe, onde teve aniversário de dois deles

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