segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Apenas você

Clarice, Clarice...
Mais uma vez,
empresta-me seu peito...

Sem mais!!








Sem mais,
porque a dor é demais
E só o meu,
já não dá mais
E porque você foi lá
Além lá

Aliás,
de dor demais
Você soube falar
É tudo tão simples
Mas tão simples
Que é simples complicar
E complicam
E nos jogam lá
Além lá
Onde poucos tem forças para chegar

Chega mais
Traz seu peito
Para eu encostar meu ouvido
E sentir ele pulsar
Mesmo que seja apenas um livro,
sou capaz de sentir ele vivo

Enquanto os vivos de almas mortas
Parecem querer me matar
Alto lá!

Além lá,
quem consegue chegar,
deitado estará
Mas não dentro de um caixão e apodrecido
E sim no perfume dos livros
Como quem oferece abrigo
Como quem diz:
- Vem meu querido...
Que essa alma em brasa,
Nunca vai apagar!

O vento da vida sempre soprará
E quando a alma sentir a brisa,
novamente ela acenderá.

Vem, Clarice...
Preciso de abrigo

Além lá
Lá estou perdido
Abraçado com seu livro

Por que passam a gente para trás?
Justo a gente,
que não queremos chegar na frente
E no entanto, inevitavelmente,
lá está a gente
Tudo porque a gente sente

Sinto muito!

Como sei que você sente
E essa dor, agora tão quente,
só você, e mais ninguém, para amenizar
Para eu poder seguir em frente...



Você já se foi
Mas quando penso em seres humanos
Você é dos primeiros que vem em minha mente

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