domingo, 13 de setembro de 2015

Retrato do ser humano...


Como já postei aqui, estou fazendo uma corrente de livros, uma espécie de Biblioteca Gratuita. E tem um amigo meu que, vira e mexe, está sempre lá comigo aos domingos. Ele se diz anarquista e adepto ao amor livre. Conversando com ele, conhecendo-o melhor (a amizade é recente), fiquei meio na dúvida, não da sua vontade e crença em tais sistemas (ou melhor: não-sistemas), mas, como sempre é onde o bicho pega, na prática. Como não vivemos em um modelo anarquista e nem convivo com ele, não pude constatar até que ponto ele levava isso em sua vida, nem era a minha intenção. Como sempre, deixo as coisas rolarem e as respostas aparecem por si só.



Essa semana encontrei um livro meu para doar, colocar no caixote para empréstimo: "Textos Anarquistas", de Bakunin. Postei uma foto no facebook, não só com esse livro, mas com alguns outros que foram doados por outras pessoas também. Esse amigo, ao ver o livro de Bakunin, ficou louco por ele. Imediatamente fez um comentário, dizendo que quando fosse lá, iria levar uns livros para trocar por ele. Aí eu percebi um ponto interessantíssimo, tanto é que estou escrevendo esse texto.



Se a corrente de livros é gratuito, logo, todos os livros é de todo mundo. Cada um fica com o livro o tempo que quiser, que for preciso para ler, e devolve quando quiser. Se fizermos uma analogia, essa seria a essência do anarquismo. Porém, a partir do momento que esse amigo quer se apoderar do livro (que agora seria de todos), para satisfazer um desejo seu, e só seu, mesmo ele dando livros em troca, ele estaria se apropriando do livro, ou seja, se aproximaria mais do capitalismo, que ele tanto abomina. Estaria deixando de agir de acordo com seu discurso, para satisfazer um desejo só seu e mais ninguém teria a oportunidade de pegar o livro para ler. O mais interessante é que, se ele prega o anarquismo, o ideal seria deixar o livro lá para disseminar ainda mais a ideia, assim penso eu.



Esse é um exemplo clássico para eu mostrar o porque que comecei a desacreditar no ser humano de uma forma geral. Não é nada pessoal, essa cara é muito gente fina, é meu amigo e, obviamente, em nada isso alterará nossa amizade, até mesmo porque, vou jogar essa real para ele, vou deixar nas mãos da consciência dele e creio que ele me compreenderá. Mas cai-se sempre na mesma: falar é muito fácil. Por isso (agora já estou falando de uma forma geral), não caio mais na armadilha dos discursos empolgados, convincentes até demais, ou no palavreado bonito de mais ninguém. Se o que me disseres for real, em algum momento (como nesse caso acima) a coisa acontecerá e eu verei a veracidade do discurso. Simples assim.



E, para terminar, deixo uma frase de Humberto Gessinger: "É muito engraçado que todos tenham o mesmo sonho e que o sonho nunca vire realidade."




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