sábado, 5 de setembro de 2015

A viagem continua...

Quando cheguei de viagem, há três anos atrás, a Kombi ficou comigo ainda por um tempo. Porém, depois, não pude ficar com ela. Foi para o interior e ficou com meu pai, que estava precisando de um carro. Deixei lá por tempo indeterminado, deixei que a vida me dissesse qual momento ela iria voltar para mim. E esse momento chegou, tão por acaso, como eu previa.


Chegou a um ponto da minha vida que eu não sabia mais o que fazer e só me restou estudar para um outro concurso. Não passei em dois que fiz, e por muito pouco, o que me fez desconfiar se não era a vida fazendo graça comigo. Mas a coisa apertou antes de eu conseguir passar. E foi aí que um amigo meu deu a ideia: por que não pega a Kombi e vai fazer alguma coisa com ela, vender cerveja, sei lá? E ofereceu a grana para começar. E começou eu e o irmão desse amigo meu.


Um dia vi que em uma praça de uma cidade que não me lembro o nome, tinha uma geladeira com livros para quem quisesse pegar emprestado. Também já vi em alguns pontos de ônibus, numa cidade que também não lembro o nome. Até um cobrador de ônibus, que levava livros para fazer troca e empréstimo com passageiros. Além de outros projetos parecidos. E sempre que vi isso, me tocou de alguma forma, daquela forma mágica. E quando as coisas tocam-me de uma forma mágica, eu já sei que elas têm muito a ver comigo, com o que sou. E foi conversando com o irmão desse amigo meu (que também é meu amigo), que lancei a ideia de fazer, no bar, empréstimo de livro gratuito também. Olhei minha modesta biblioteca, a qual já tive muito ciúmes, e separei os livros para doar. Foi mais da metade... E uma sensação mágica se fez em mim.

A sociedade não deu certo. Correu o risco de parar essa ideia. Só que eu já estava tão envolvido, que corri atrás, peguei dinheiro emprestado e reabri o "Bar na Kombi". Uma das coisas que me deram forças, além da corrente de livros, foram as pessoas que foram atraídas pelo ambiente desse bar. Sempre aparecem pessoas interessantes, ou que tocam algum instrumento, ou que tem histórias boas para contar, ou que querem ouvir a música que está sendo tocada no violão e no cajon, que está sempre disponível, ou tudo junto, ou por qualquer outro motivo. Pessoas que é sempre bom conversar, é sempre bom conhecer, é sempre bom trocar aquela ideia. Não tinha como parar mais.
 
E eis que está rolando. E tendo minha Clarice de volta, pude ver como é sempre ela que me traz coisas maravilhosas. Permite-me fazer o que quero, deixando-me em um estado de espírito leve, além de atrair pessoas maravilhosas. Faz-me viajar, quando ando pelas ruas de Aracaju em um dia qualquer, de dia, ou à noite, ou exatamente amanhecendo o dia. Estamos de volta... Sempre tivemos a serenidade de que isso iria acontecer. Estamos em Saraus e festas alternativas. O resto, só o tempo poderá dizer. Mesmo assim, os vários sorrisos já provocados por tudo que está acontecendo, é de dar aquela paz gostosinha dentro de nós. Vida longa para nós, meu amor... Vamos levar poesia, livros, música e arte por aí, que o mundo tá precisando.

 
Salve vidas: doe livros.













 




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