segunda-feira, 14 de abril de 2014

Marcada por dores
Chegadas sem hora marcada
As insutilezas da vida
Sem consulta marcada

Não há vagas para ti
Não há remédios
Não há bulas...

Volte na semana passada

É preciso cirurgia, urgente, às pressas
Tirar as compressas do peito
Tirar a pressão,
não do corpo...

Mas do corpo inteiro
Da alma

Amarrar teus braços,
borracha bem apertada...

Cadê sua veia?

Já se esconde

Assustada...

Calejada


Vontade de morrer,
três vezes por semana
Tirar sangue todos os dias
Medir o colesterol...

O sal de viver

Ou o açúcar, em demasia



Tudo em você é demais



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Não precisa preencher fichas, comigo
Aliás, nem sou médico
Mas já sei seu endereço,
seus dados,
seu abrigo...

Eu também morei lá,
onde você está morrendo:

Em qualquer lugar

Não abri cadáveres, para estudar,
corpos abandonados, assim como abandonaram a ti

Abri, sim, meu próprio peito
Para, com efeito,
estudar anatomia...

na minha alma

Especializei-me
em melancolia...

Mas não em uma sala de aula

Eu estudava ali,
onde, um dia,
um livro,
sobre a morte,
você lia...


Bem vizinho

Onde eu arrumei minha barraca


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Não há cura, meu amor...
Só anestesias...
Não à toa,
escrevo poesias...

Minha receita

E esta
É apenas
Para te receitar
Para te recitar...


Um abraço meu!

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