domingo, 14 de novembro de 2010

ALGUMA COISA ACONTECEU

Às vezes me perco em uma linha reta
Às vezes ando como um mestre em curvas perigosas
Às vezes me falta voz para pedir uma informação
Às vezes volto rouco para casa de tanto cantar e tocar numa roda de violão
Hora eu grito, hora eu me calo
Hora eu quero paz, hora eu quero é muito mais

Às vezes preciso de minha casa, de meu quarto, mais que qualquer outro lugar
Às vezes quero estar só, apenas na companhia de minhas músicas, meus livros, minha poesia, meus discos
Outras vezes, quero ir para rua sem hora para voltar...
e pode até ser uma segunda-feira

Tem dias que parece que estou em marte, ou na lua, flutuando
Outros dias estou bem aqui, ao vivo e a cores...Real
Como quando passo por um lugar que acabou de acontecer um atropelamento
Às vezes acordo bem ali, vendo o corpo estendido no chão

Às vezes estou no claro, às vezes no escuro
Mas eu gosto mesmo é da penumbra
E quando estou lá,
o claro me acha escuro,
o escuro me acha claro
e eu acho é graça disso tudo

Às vezes estou tão feliz e vem alguém me perguntar:
- O que você tem que está triste hoje?

Não me incomodo que me estranhem de vez em quando
Às vezes, até eu me estranho
Mas quem mandou, se meter nessa coisa de infinito, nesse caminho sem fim?
Agora é tarde,
mas sou eu mesmo que não quero parar tão cedo
Só uma pessoa pode me parar: a morte
E eu morro de medo é de não viver

Sigo andando...
e escrevo
Alguém tinha que me entender
Abraço uma folha em branco e, como num processo de transmutação,
minhas palavras deitam nela
Durmo em paz

Ao ler, meses depois, às vezes nem eu entendo, nem eu me compreendo
Mas sei que naquela noite, alguma coisa aconteceu

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