Quisera eu,
meu amor
Que todos os
problemas
Fossem
facilmente resolvidos
Com um
simples toque de racionalidade lúcida...
Mas, Deus...
Por que esse coração de poeta?
Quisera eu
Que bastasse
dizer basta
E tudo
bastaria
E, já
amanhã,
Seria um
outro e lindo dia...
Mas, Deus...
Por que essa mente de poeta?
Quisera eu
Os
sentimentos não exercessem tanta influência
Que não
cobrissem o clarão da experiência
Que não
machucassem a razão
Para não fazermos
o que não queríamos
O que não
esperávamos
Para não
pensarmos o que nos consome...
Mas, Deus, quem
somos nós, quando sofremos dessa agonia?
Quisera eu,
meu amor
Que você me
quisesse...
Mas você não
quis.
Ao diabo
toda racionalidade.
Deixe doer
Se só dói em mim.
Para que entender
Só porque
poderia ser
Só porque
temos o vício do ideal?
O ideal é
compreender que não existe ideal
O ideal é se
entregar
Ao que se
sente
Sentindo é
que se aprende
Esquecer as
teorias
Correntes...
Teorias são
só teorias.
Fale para si
mesma: é fácil falar.
Vide a vida
Por mais
razão que se tenha
Por mais
conhecimento que nos venha
Sempre
prevalece o mistério
Império
natural dos sentidos.
Nós temos o
poder de pensar
Nós todos
desejamos não sofrer
Mas se a dor
não fizesse parte da vida
Eu até
aceitaria...
Mas, se é
inerente, se dela tanto aprendemos,
Por que essa
teoria?
Quisera eu,
meu amor...
Não te
querer.
Mas, tudo
bem, racionalmente, eu aceito.
Mas você
fica com sua racionalidade...
Que eu fico
com a minha poesia.