E aqui estou eu, sozinho novamente, como sempre fui
Mas que teimosia, esta minha, de ser teimoso
De experimentar tudo de novo
Na esperança vã de acontecer algo de novo
Muda-se tudo, sim...
Menos o que mais me interessa
São tantos, tantas as diferenças, as mais diversas
E, no entanto, todos iguais
Quem sabe, seja cegueira dos meus olhos
Ou, talvez, dos corações que eu enxergo
Tanto faz...
Se não nos damos em nenhuma das ocasiões
Estrangeiro aqui
Como em qualquer outro lugar
Não tenho casa
Não me sinto em casa em nenhum lugar deste planeta
Que, no entanto, obrigaram-me a morar
Creio, erraram meu endereço
Se existo, foi por engano de quem me fez existir
Não pode ser
Do jeito que é, só há esse jeito:
Simplesmente, não pode ser
Ou então...
Deem-me outro coração, e outra alma
Que, com esse e com essa...
Eu não consigo me enganar
Fingir que não vejo
Fingir que não sinto
.
.
.
E se escrevo tudo isto
É porque teimei em teimar
Até ter certeza que só me restava esta certeza
Com a serenidade triste que só a felicidade plena
pode nos dar
.
.
.
Não me sinto em casa
Com esta maneira e mania que me foi dada...
De sentir
De sentir
E, no entanto, justamente ela...
É o que há de mais belo em mim
Quanta contradição...
A tradição dos poetas
.
.
.
Não, não...
Tolices...
Eu me sinto em casa sim
São apenas meus vizinhos que me fazem confundir
Mesmo que eu viva a me mudar
Na esperança vã de encontrar algo de novo
Mas, agora, não...
Definitivamente, eu me rendi
De agora em diante
Escolherei, apenas, um lugar para dormir
E, para as noites de insônia, escrever...
Que é o único lugar que sinto meu morar
Eu e a natureza
Eu e o infinito
Eu e o mistério das coisas
Estes sim...
Meus verdadeiros vizinhos
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