Assim
como o cientista faz seus experimentos com um macaco, dando-lhe uma tarefa
e uma recompensa para obter os resultados pretendidos para sua experiência, as
relações humanas seguem na mesma linha. Não que um dê tarefas para o outro para
obter resultados, não é esse o ponto. Falo é de cada um fazer sua parte: se o macaco
ficar simplesmente parado durante o processo, mesmo com tudo pronto, o
cientista não vai conseguir finalizar seu trabalho. E se o cientista não
preparar a tarefa/recompensa e tudo que envolve a experiência, não obterá suas
respostas. Em suma: os dois lados têm que fazer sua parte. E, claro, cada um
faz o que pode. Mas se não acontecer, o macaco não vai jogar a culpa no
cientista (afinal de contas, ele nem sabe o que está acontecendo), assim como o
cientista não vai culpar o macaco, afinal de contas, ele tem ciência da falta
de ciência do macaco. Haverá, ao invés de culpa, compreensão.
Já
entre os homens, como os dois lados podem usar esse artifício (raciocinar), é
mais cômodo, em um impasse, achar que a causa do impasse é o outro,
atrapalhando a continuação da relação, já que somos armados até os dentes de
uma coisa chamada orgulho. No caso do cientista, ciente de que só ele pode ter
a noção real da coisa, ele fará de tudo para que tudo dê certo, perderá dias e
noites para atingir o seu objetivo. Nós, não. Apontamos logo o dedo, culpando o
outro, já que assim tiramos a responsabilidade de nossas costas. E se tem uma
coisa que o humano não gosta, é de se responsabilizar por algo que não deu
certo. Talvez seja culpa da nossa criação, como se tudo que não desse certo,
fosse vergonhoso... Ou o próprio orgulho, impedindo de admitir uma culpa, não
sei. E isso, nada mais é, do que a vida nos dando a chance de aperfeiçoar a
relação, assim como o cientista tem que passar por cima de diversos obstáculos
para aperfeiçoar seus experimentos até chegar ao resultado pretendido (a
vitória maior). Temos a mania de não ter paciência, ou de não saber cuidar das
coisas mesmo, e dizer que nada é para sempre. Seria o cientista desistindo nas
primeiras, ou até, nas dificuldades que ocorressem mais adiante.
Claro,
algumas relações acabam, porque têm mesmo que acabar. Aí, será a dor das
lágrimas, quando acabar, que nos dirá se era para acabar, se realmente chegou o
fim, ou não. Quando apenas choramos, por um final, é porque algo deixou de ser
feito, independente de quem foi o erro ou se foi dos dois. Mas, quando choramos
com um sorriso no rosto, leves, sabemos que tinha que ser assim, que o final
chegou, como se o cientista tivesse feito tudo, o macaco tudo, e mesmo assim o
resultado pretendido não fosse obtido. Compreensão mútua.
Para
finalizar, deixo como exemplo a relação de um cachorro com o seu dono. A
relação, o amor, é para sempre. O cachorro não tem orgulho... O cachorro,
instintivamente, confia no seu dono, sabe que o amor é verdadeiro... É isso que
a gente precisa acreditar em relação ao outro. Mas o orgulho e a desconfiança
são os melhores amigos do homem, e não deixam. E o cachorro, é muito mais
inteligente que nós. Para mim, a inteligência está em saber sentir, e nada mais.
Assim, não precisaríamos inventar joguinhos ou coisas do tipo, ou, ainda, não
precisaríamos achar que a culpa (ou a causa) é sempre do outro.
Mas, já que não conseguimos chegar a tal ponto (talvez
ainda não percebemos isso, ou talvez seja assim mesmo, talvez eu esteja viajando,
tanto faz), eu aceito, não sem dor (o que posso fazer?), que as coisas não são
para sempre... É só esse meu jeito de sentir ao perceber que muitas coisas acabam
desnecessariamente... Penso que, se os valores fossem outros, se as regras
morais da civilização não nos obrigassem a levar uma vida de repressões
sentimentais, se não tivéssemos tantos preconceitos, ou conceitos que não
usamos na prática (é só um conceito mesmo), talvez não nos tornássemos doentes
e angustiados, nos entupindo de remédios e várias drogas durante a vida inteira,
lotando os consultórios de psicologia do mundo inteiro.
Quando algo não dá certo em uma relação, é a vida
medindo o tamanho do amor das pessoas envolvidas. Cada uma estará em um grau de
evolução, e é assim que a humanidade evolui... Quem é quem? Nenhum manual nunca
nos dirá... Tudo que precisamos, é seguir em frente...