domingo, 14 de agosto de 2011

Desesperados

Sei bem o que você está sentindo, minha querida
Nasceu comigo antes mesmo de eu nascer
Lá no útero, sozinho, eu já sabia
Hoje a gente morre todos os dias
Quando não de tristeza, que seja de alegria

Acontece que para eles o morrer morreu
Estão todos de olhos bem abertos
para não serem roubados
Todos bem vivos, mesmo mortos,
com medo de serem agredidos
E ninguém mais morre
Há psicólogos para isso
e para tudo que for necessário

Mas robôs, não nos roubem
Eu e você, minha querida, sentimos dor
Mais aquele e aquela e aquele...
E longe estamos

Mas se compararmos a imensidão do universo
Até que estamos pertos
Apesar do aperto,
da distância e do vazio
Estamos certos:
Até que estamos bem pertos

E desesperados
Como se tivéssemos nos procurando no útero do universo

Para,

enfim,

nascermos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário