quinta-feira, 18 de março de 2010

Angústia...

De repente é tanta inspiração, tanta coisa para falar, para gritar (necessário, porque não cabe dentro de mim) e me vem a angústia de querer falar tudo e saber que não vou consegui. Mesmo que eu queira descansar, não consigo. Minha mente não para.
De repente, a falta de inspiração. E é tanto vazio dentro de mim que me angustia. Mesmo que eu queira descansar, não consigo. Tudo que eu consigo é um coração que não para de acelerar, uma respiração desajustada e uma dificuldade enorme para dormir.
Passo horas e dias pensando sobre isso, pensando quem eu sou. Passeio por palavras e sinto que preciso escrever. Não fosse Clarice Lispector e companhia, eu acreditaria piamente que estou ficando louco. Um impossível viver se faria presente eternamente em minha vida, não fosse a poesia. E é isso minha poesia: um simples conforto e não uma vaidade. Um complicado conforto que me acolhe depois de momentos de angústia que pode até ser rápido (o conforto), porque mais idéias virão e o mundo gira numa velocidade difícil de acompanhar. Não faltam injustiças, não faltam distâncias enormes ( mesmo pessoas estando lado a lado), não faltam solidões, não faltam vaidades baratas. Mas também não falta o cantar dos pássaros, o amanhecer, o anoitecer, o frio, um céu absolutamente azul num dia de calor, não falta o sorriso das crianças (ah...hoje, em pleno trabalho, uma menininha me mandou um beijo, do nada, sem eu pedir), não falta nada para se escrever. Mas me sobra angústia e o papel em branco nada mais é que o chamar minha alma para deitar ali, deixando minhas marcas através de uma tinta azul (ou de qualquer cor), como se fosse meu sangue.
E se falei bobagem, não vou pedir perdão, porque o que ainda me resta, é a minha própria e verdadeira liberdade de falar o que quiser, inclusive essa grande bobagem. Não tenho culpa: sei que o mundo é imenso, mas é justamente dentro de mim que me perco. Parece absurdo, mas explico-lhes: meu coração é muito maior que o mundo e suas veias não tem placas, como as ruas. Ninguém tem o mapa de meu coração, nem eu mesmo. É muito fácil se perder dentro dele e uma coisa que abomino é o medo de se perder por veias estranhas. E o medo nos faz cada vez mais distantes do que eu considero ser a vida na sua essência. E o que me resta é uma angústia desregulada, desajustada, que me deixa perdido (agora já fora de mim também) e dai-me mais papel em branco, porque minha alma precisa deitar e eu preciso dormir, porque amanhã cedo tenho que trabalhar.

Um comentário:

  1. Angustiante, Ivan. Mas puro e verdadeiro esse grito só seu.

    Meubeijopravocê

    ResponderExcluir