sexta-feira, 31 de maio de 2013

Coração acelerou demais...         

                                    Ficou desgovernado

                Chocou-se com a esperança


O estado é grave...
Dos dois

Estão sedados...


E respiram com a ajuda de versos de Fernando Pessoa

LISBON REVISITED (1926) - Álvaro de Campos

Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja —
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver na rua.
Não há na travessa achada número de porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta — até essa vida...
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas coortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar,
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...
Outra vez te revejo,
Sombra que passa através de sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim —
Um bocado de ti e de mim!...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Amor, raça e raciocínio...

Misture bem, bem mesmo...


Tudo vai depender do tamanho desse misturar

domingo, 26 de maio de 2013

Ô, de casa!!
Com licença, por favor
Estou passando fome
Será que a senhora teria um pouco de amor, 
para me dar?

Mas não serve amor dormido





Mas não serve amor dormido

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Iana Carolina...

MELANCOLIA

Viver é mergulhar num mar de mágoa
viva. Acaso devo ainda me orgulhar
do mergulho e do orgulho, depois de afogar
e descobrir que não posso contra a água?

Meu coração foi feito de pedra dura.
Se ardeu outrora foi por pura rebeldia,
quando mesmo abatido ainda batia
e insistia em resistir a essa tortura.

Mas tanto bate, tanto bate até que, Deus!
É muito alto o preço que se paga, e eu
achei que suportava, mas perdi essa certeza.

Talvez tenha sido eleito por engano.
Para mim, que sou demasiado humano,
é insustentável o peso da leveza.


segunda-feira, 20 de maio de 2013


Você pode até falar da minha dor
Criticar, condenar, o que quiser

Mas, por favor,
só depois que entendê-la

Não seja arrogante:
isso é feio

Se você enxergasse a leveza dessa minha dor,
não iria criticar esse meu ar pesado

Iria era sentar ao meu lado...

E me fazer perguntas,

curioso...



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"Um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas,
uma coroa, um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios, édens, analgésicos,
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra"  -  Paulo Leminski
Coração de pedra?
Não amola
Tô fora!

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Nós dois
Sós
Dias sem sol

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Fome?
Que nome!
Um verdadeiro palavrão

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Todos somos loucos
Derrubem suas máscaras
E descubram aos poucos




sábado, 18 de maio de 2013

"Ah, é tão difícil, a eterna luta entre coração e mente! Há um tempo e um lugar para as duas coisas, mas como posso ter certeza de que escolhi o tempo certo?"

Anne Frank

sexta-feira, 17 de maio de 2013

- Não vendo isso por nada!!
- Dou um milhão!!
- Fechado!!


... Se eu fosse resumir a humanidade em poucas palavras...

quarta-feira, 15 de maio de 2013


Se encontrarem-me ensanguentado,
com um punhal cravado no peito,
não pensem que fui eu que fiz isso comigo mesmo


Muito menos que foi qualquer outra pessoa






Já nasceu assim...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Existência
Penso
Logo
Devagar
Existo

Passagem
Eterna (?)
Terna
Tremo
Remo
Canso
Tenso
Manso
Mais
ou
Menos
Prantos
Pleno
Planos
que não sei onde vai dar

Um dia, tudo acaba
Quem sabe algo fica...
Quem sabe para quê?
E para que saber?

Penso...

De tanto pensar, apenas remo
no rio que acredito...

Sinto muito...

E logo existo!

Será?
Não sei...

Apenas serei

E o resto,
depois de minha morte,
versarei
(Se é que existirei)

Por enquanto,
é isso...

Vai vendo...

Vai lendo...

Que por aqui,

vou indo!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Meu amor...

Preciso que leia essas linhas...
Turvas...
Curvas que nos aparecem
Que parecem só querer atormentar...

Mas essas coisas,
de vez em quando,
apenas faz parte do caminho,
e só...

Aí só depende de você,
querer ou não querer,
encarar...

Nós dois frente a frente
Cara a cara
Sem nada para nos atormentar

Nem as curvas perigosíssimas,
nem as turvas linhas,
nem o medo de nos machucar...




Tá afim?

domingo, 5 de maio de 2013

- Não ligue para a bagunça
- Mas o apartamento está arrumado
- Não, não é isso, nem ligo para isso... 

...Estou falando é do meu coração.

sábado, 4 de maio de 2013

Para você...

Você tem todo direito do mundo,
dou-te toda liberdade
Você poderá até sentir o maior ódio do universo por mim um dia,
não há problema
Pode até querer não me ver nunca mais,
tudo bem,
partirás

Mas nunca diga adeus...

Pelo menos, você...

Nunca!!!


Você sabe do que estou falando...

Por isso mesmo você
.
.
.
Nunca!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tudo que te fiz, que te machucou
Era só um cuidado excessivo para não te machucar
Mas você só olha para dentro de você
E não vê que sou um humano, eu posso errar
Eu posso, vê bem?

E meu erro maior,
foi amar você

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma multidão

versus

um só

e seus versos


e só


"Não importa se só tocam
A primeira frase da canção
A gente escreve o resto sem muita pressa
Com muita precisão
Nos interessa o que não foi impresso
Mas continua sendo escrito à mão
Escrito à luz de velas
Quase na escuridão...
Longe da multidão

Somos o exército
Exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz" - Humberto Gessinger